Integrantes da Comissão da Verdade do Estado da Bahia tomam posse

Integrantes da Comissão da Verdade do Estado da Bahia tomam posse

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os integrantes da Comissão Estadual da Verdade foram empossados pelo governador Jaques Wagner nesta terça-feira (20), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador. A comissão é composta por sete membros das áreas de comunicação, educação e jurídica: Amabília Almeida, Antônio Walter Pinheiro, Carlos Navarro Filho, Dulce Tamara Lamego Silva e Aquino, Jackson Chaves de Azevedo, Joviniano Neto e Vera Leonelli.

O grupo vai apurar e esclarecer casos de violação dos direitos humanos na Bahia praticados no período de 1946 a 1988, com o objetivo de auxiliar a Comissão Nacional da Verdade. Vai contribuir com a efetivação do direito à memória e à verdade histórica e com a promoção da reconciliação nacional.

A partir de pesquisas em publicações, exemplares e entrevistas, os membros devem elucidar fatos relacionados à prisão e à tortura de baianos, especialmente no período da ditadura, entre 1964 e 1985, trabalhando em parceria com a Comissão Nacional da Verdade.

“Estamos nos reunindo e temos algumas tarefas a cumprir, em função das atividades que são também da Comissão Nacional da Verdade e que vamos reproduzir aqui. Entre nossas ações, está identificação da estrutura de justiça sobre as pessoas que neste estado sofreram violações, que morreram, desapareceram, foram perseguidas e presas”, disse Vera Leonelli.

Para o representante da Comissão Nacional da Verdade, André Vilaram, a Bahia exerce um importante papel no direito à memória. “Temos os desaparecidos do Araguaia com uma grande quantidade de baianos. Se tem na Bahia Marighella, além de fatos importantes, como a morte de Lamarca, então, neste processo de reconstrução histórica do Brasil a Bahia é fundamental”.

Trabalho terá subsídio de publicações literárias

Entre as publicações literárias que devem subsidiar o trabalho do grupo, estão obras do jornalista e escritor Elio Gaspari, com uma série de livros, e do também jornalista e escritor Emiliano José, com obras que relatam terrorismos praticados na época.

Emiliano, que foi torturado durante a ditadura, relembra o período. “A ditadura na Bahia foi violenta. Ao ser preso em 1970, enfrentei o choque elétrico, afogamento, pau-de-arara. A tortura, a morte, o desaparecimento e as violências mais absurdas eram cometidos na época. Nós, dezenas de prisioneiros políticos, ficamos na Galeria F da Penitenciaria Lemos Brito, entre 1969 e 1979. Ali, foi o momento do nosso cumprimento de pena. Tenho certeza que esta comissão há de recuperar o que foi a tragédia deste tempo, para que nunca mais vivamos sob a ditadura no Brasil”.

A Comissão Estadual da Verdade foi criada por Wagner através do Decreto 14.227, de 10 de dezembro de 2012, alterado em 17 de maio de 2013 pelo Decreto 14.483. O governador acredita que a elucidação dos fatos ajude a fortalecer o espírito da democracia, principalmente entre os mais jovens. “Não queremos revanchismo, não cabe isso. Na verdade, é preciso que se conheçam os fatos, e o que é inadmissível é a tortura, o crime de Estado. Creio que colocar o que efetivamente aconteceu pode nos ajudar a fortalecer a defesa da democracia no Brasil”.

Os integrantes da comissão

Integrantes da Comissão da Verdade do Estado da Bahia tomam posseAmabília Almeida

Natural de Jacobina, Bahia, a educadora fundou e dirigiu a Escola Experimental em Salvador, Bahia, em 1965. Em 2012, foi condecorada com a Medalha Anísio Teixeira na Câmara dos Vereadores da Cidade do Salvador, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido em educação. Neste ano, recebeu do Senado Federal o Diploma Bertha Lutz, por sua luta em defesa dos direitos da mulher.

Antônio Walter Pinheiro

Natural de Salvador, Bahia, bacharel em ciências econômicas pela Universidade Católica do Salvador (Ucsal), pós-graduado em microeconomia, análise de custos e técnica gerencial, possui curso de especialização em comunicação social. É presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e presidente do jornal Tribuna da Bahia.

Carlos Navarro Filho

Jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), durante 27 anos foi repórter, chefe de sucursal e diretor regional de O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Agência Estado no Nordeste. Repórter e editor-chefe do Jornal da Bahia, ele criou e editou revistas na Bahia, São Paulo e Brasília. Prestou consultorias ao Banco do Nordeste, Embrafilme e Fundação Padre Anchieta (SP).

Dulce Tamara Lamego Silva e Aquino

Pró-reitora de ações afirmativas e assistência estudantil da Universidade Federal da Bahia e doutora em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1999). Desde a década de 60, como liderança estudantil na Ufba, é ativista nas lutas pelas políticas públicas em defesa da cidadania. Integra o Grupo de Pesquisa DC3 – Dança, Ciência, Comunicação e Cultura.

Jackson Chaves de Azevedo

Advogado, membro (aposentado) do Ministério Público da União, mestre em direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1997, e doutorando em direito público na Ufba, ele possui especialização em direito processual pela Universidade Federal da Bahia e em instituições jurídico-políticas. É membro da Academia de Letras Jurídicas da Bahia.

Joviniano Neto

Bacharel em direito e ciências sociais, doutor em comunicação e cultura contemporâneas, professor de ciência política (aposentado) e de direitos humanos no mestrado profissional em segurança pública, justiça e cidadania da Ufba, ele é presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/Bahia (GTNM/BA) e do Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento à Tortura (Cepet).

Vera Leonelli

Bacharela em direito pela Universidade Federal da Bahia (1971), fundadora e coordenadora da ONG Juspopuli – Escritório de Direitos Humanos, recebeu, entre outros, o prêmio O Mundo Pede Paz e Justiça Social, oferecido pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia.

 

 

Fonte: Secom BA

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