Existiu uma época na casa dos trinta anos que tive muita insônia, mas tinha muita energia no dia. De fato, cuidar da realidade era uma atividade muito simples. Era tão somente a realidade.
Consistia apenas em trabalhar no Banco do Brasil, pois era funcionário nesta época. Era como operar uma máquina simples, ou seja, uma vez aprendido o processo, o resto era apenas repetição.
Obviamente de vez em quando ocorriam mudanças de rotina. Mas isso não me afetava. Eram coisas que passavam por mim como uma brisa silenciosa. Mas ninguém ligava nem percebia a minha insônia, nem que minha mente estava a centenas de anos, a milhares de quilômetros de distância da realidade.
Todos no trabalho e em casa continuavam como sempre, falavam comigo, sem perceberem que eu realizava mecanicamente as tarefas da realidade, desprovido de sentimentos e emoções. Pareciam até que estavam mais à vontade comigo do que de costume.
E assim se passou um bom tempo. Achei anormal. As pessoas dormem. Cento dia, depois do banho, fiquei nu diante do espelho de corpo inteiro. E me surpreendi ao notar que meu corpo irradiava vitalidade. Não havia excesso de gordura.
Mas a fase da insônia passou quando aumentei o ritmo de exercícios e deixei de tomar café a noite, além de terem diminuindo as preocupações da época.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.