Pesquisa indica que 92% das mulheres acreditam que as pessoas reparam nos defeitos que elas têm
A vaidade faz parte do universo feminino. Algumas mulheres gastam menos tempo e dinheiro com o assunto, outras exageram e praticamente vivem para isso. Mas, em geral, a maioria não deixa de usar um creminho, mudar o visual dos cabelos ou passar um batom. O problema é que elas continuam inseguras com o que veem no espelho e até permitem que um mínimo de imperfeição atrapalhe suas relações diárias. Essas são algumas das conclusões da pesquisa A Beleza da Mulher Brasileira, encomendada pela rede de clínicas de estética Onodera e aplicada pela empresa Sophia Mind, que estuda o universo feminino.
A pesquisa foi realizada online com 3.385 mulheres (36% são de São Paulo). Desse total, 92% acreditam que as pessoas reparam em seus defeitos físicos – ou o que imaginam ser um defeito. “Mesmo lidando com essas questões diariamente, ficamos surpresas com o alto índice de mulheres que não estão felizes consigo mesmas ou acreditam que algo está errado”, diz Lucy Onodera, diretora da empresa fundada por sua mãe, Edna, há 30 anos.
As insatisfeitas com a aparência chegam a 21%, enquanto 71% das entrevistadas estão satisfeitas apenas em partes. E, para 40%, isso atrapalha em algum momento do dia, quase sempre nos relacionamentos pessoais, sociais e profissionais.
“O conceito de beleza ainda pesa na autoestima. Quando a mulher se sente bonita, fica mais segura, o que influencia no modo como se relaciona. Ela não precisa estar magra para alcançar sucesso profissional. Mas assim ela se sentirá confiante e haverá reflexos no trabalho”, diz Bruno Maletta, sócio e coordenador de pesquisas da Sophia Mind.
Querer estar e se sentir bem é natural. A psiquiatra Jocelyne Levy Rosenberg, autora do livro Lindos de Morrer (Ed. Celebris), diz que a preocupação excessiva, no entanto, pode ser sinal de algo mais grave. “Um dos primeiros quesitos para o diagnóstico de transtorno de imagem é o pequeno defeito que interfere nas relações.” Ela critica também o incentivo precoce à vaidade em meninas. “Deixar que uma criança de 6 anos pinte as unhas é afirmar que chamar a atenção é positivo.”
O levantamento também dividiu as participantes em perfis (leia abaixo). A maioria, 32%, se identificou com a comedida, uma mulher multitarefas, que trabalha, estuda, é dona de casa, muitas vezes mãe, se cuida, mas não tem a vaidade como prioridade. Nunca estoura o orçamento. Cuida da alimentação e se exercita.
A publicitária Rosana Ameixieira, 41 anos, é uma comedida. Casada, mãe de dois filhos, caminha três vezes por semana e se alimenta de maneira saudável. Ela já se submeteu a procedimentos com laser e radiofrequência para queimar gordura localizada, além de drenagem linfática. No inverno, pretende cuidar de manchinhas de sol no rosto – mas sempre colocando limite nos gastos e avaliando as necessidades.
“A beleza é uma maneira de nos expressarmos. Acho que quem se abandona é porque alguma coisa está errada. Não quero parecer uma menina, mas estar bem para viver bem a expectativa de vida maior que minha geração ganhou”, avalia.
Drenagem linfática pode ser perigosa
O tratamento corporal preferido do público feminino, hoje, é a drenagem linfática. Segundo a pesquisa, 60% das mulheres já se submeteram ao procedimento. Nas classes AB, 8% delas se entregam ao tratamento semanalmente. Na classe C o índice fica em 4%. O serviço é encontrado em qualquer salão de bairro. Mas nem todo mundo pode fazer. Há riscos.
“A retenção de líquido pode ser sintoma de problema circulatório, doença cardíaca ou renal”, diz o angiologista e cirurgião vascular Nilton Goldman, da Sociedade Brasileira de Medicina Estética. Se a cliente tiver uma trombose ainda não identificada, um coágulo pode subir pela circulação durante o movimento da drenagem e levar a situações graves, como uma embolia pulmonar.
A drenagem deve ser liberada com recomendação médica. O profissional adequado para aplicar é o fisioterapeuta. Esteticistas também podem oferecer o serviço, desde que tenham passado por cursos de cerca de um ano, em instituições de ensino técnico reconhecidas no mercado.
Em relação à massagem modeladora, que promete reduzir medidas, Goldman se diz contra. “Movimentos vigorosos podem romper os vasos do sistema linfático, causando hematomas, vasinhos e varizes”, afirma. Para ele, gordura localizada se perde com exercícios e alimentação equilibrada, evitando consumo exagerado de gordura, sal e açúcar. Em casos mais graves, a lipoaspiração é uma saída.
PESQUISA
92% acreditam que as pessoas reparam em seus defeitos físicos
55% valorizam características pessoais em relação às físicas
98% creem que a relação com o parceiro tem interferências relacionadas com beleza e bem-estar
97% acham que a relação profissional sofre interferência quando algum aspecto de beleza ou bem-estar não está bem
PERFIS
A comedida 32%
Multitarefas, ela trabalha, estuda, é dona de casa, muitas vezes mãe, se cuida, mas sem ter a busca da beleza como prioridade. Acredita na beleza que cada idade tem e procura extrair o melhor de cada fase. Cuida da alimentação e se exercita.
A atleta 25%
Apaixonada por malhação e cuidados com o corpo. Acredita que, para atingir a beleza, é preciso esforço próprio. Geralmente, não acredita muito em tratamentos estéticos. Avalia como bons aliados somente se forem utilizados em conjunto com a malhação.
A sonhadora 14%
Gostaria de fazer tratamentos estéticos, mas falta dinheiro. Faz dietas por conta própria, compra revista de moda, de fofoca, sabe tudo sobre os artistas e o que eles fazem para manter a forma. Valoriza roupas que rejuvenesçam e deixem o corpo em evidência.
A vaidosa 14%
Ela é sua própria prioridade, curte a feminilidade e acredita que tratar do corpo é tratar da alma para fugir do estresse do trabalho, da casa, do caos urbano. É referência de indicações de cosméticos para família e amigos. Totalmente a favor das cirurgias plásticas.
A desencanada 13%
Coloca a vaidade e a busca pela beleza em um dos últimos lugares em sua vida, pois não considera importante viver sob padrões estéticos e, sim, em busca da valorização interior. Prioriza sempre sua família e filhos. Felicidade para ela é conquista coletiva.
A profissional 2%
A beleza é fundamental. Mais que prazer é uma necessidade em função de trabalho. Não são apenas artistas e modelos, mas qualquer pessoa que acredita que aparência tem influência direta em como os outros irão tratá-la. Não mede gastos com a beleza.
Fonte: Suzane G. Frutuoso / Jornal da Tarde