Mulher teria recebido o medicamento enquanto dormia. Reação anafilática teria provocado lesões semelhantes a queimaduras de terceiro grau
A morte de uma agente de saúde e auxiliar de enfermagem no último sábado (09/10), que ao ser submetida a uma medicação errada foi parar na UTI – Unidade de Terapia Intensiva e ido a óbito nove dias após, com a pele do corpo se soltando, mediante queimaduras de 3º grau, tem causado muita indignação nos familiares, nos amigos, vizinhos e nos 344 agentes de saúde de Teixeira de Freitas, que acusam o município de ter agido com descaso absoluto com a colega diante do seu problema.
Com 12 anos de serviços prestados ao SUS em Teixeira de Freitas, a auxiliar de enfermagem e agente de saúde, Rivete de Fátima Meira Viana, “Ivete”, 47 anos, que morava na Rua Adelino B Medeiros nº 969, no bairro São Lourenço, sofreu um acidente de moto na companhia do seu esposo Evaldo Martins Rocha, 33 anos, no último dia 5 de setembro, quando foram abalroados por um veículo na altura do Km 837 da BR-101, em Itamaraju, quando procediam do povoado de Água Limpa em Jucuruçu.
Como resultado do acidente, Evaldo ainda se encontra em casa se recuperando dos procedimentos cirúrgicos. Já “Ivete”, foi internada e permaneceu no Hospital Regional de Teixeira de Freitas, sob observação, aguardando o dia de passar por uma cirurgia de aneurisma. Edmar Viana, 25 anos, filho da vítima, disse que a mãe esperou por 25 dias, alegando o hospital que não havia médico auxiliar, equipamentos adequados, profissional anestesista e vaga na UTI para que a cirurgia fosse realizada.
No último dia 1º de outubro, segundo Saulo Meira, 24 anos, outro filho da vítima, a mãe dele recebeu enquanto dormia um remédio injetável, descoberto após investigação, como sendo uma medicação derivada de “Penicilina” que havia sido prescrita pelo médico neurologista Paulo Borlot para curar uma inflamação na garganta, cujo remédio aplicado, tão logo a paciente acordou, começou a reclamar de sintomas alérgicos. Tendo em vista, lembra o filho, que a mãe era alérgica a muitos remédios, tanto que toda sua medicação era especifica, e caso estivesse acordada, ela teria evitado tomar a injeção, tendo em vista que ela própria fazia questão de revisar seus medicamentos, conhecendo dos problemas alérgicos que possuía.
Após ter tomado o remédio, lembra a prima da vítima, Ivone Gomes, “Ivete” foi tendo o seu corpo todo queimado, que ao invés de caminhar para cirurgia, as atenções foram mudadas para o novo problema por causa da medicação indevida que fora submetida a tomar. A agente de saúde foi piorando a cada dia e acabou sendo removida para a Unidade Semi-Intensiva e posteriormente para UTI, onde morreu com queimaduras de 3º Grau. O laudo médico do Hospital Regional de Teixeira de Freitas, diz que a mulher foi vítima de falência múltipla dos órgãos.
Para a irmã da vítima, Magnilda Meira de Souza, “Ivete” foi vítima de um descaso absurdo. Primeiro pelo tempo que a mulher em estado perfeito físico e de consciência foi obrigada a permanecer em um leito do hospital aguardando uma cirurgia, sem que os médicos deixassem os familiares levá-la para passar pelo procedimento cirúrgico em Vitória, onde vagas foram reservadas para ela. E de uma hora para outra, lembra a irmã, se enxergou a mulher sendo carbonizada à míngua até sua morte, sem que ao mínimo uma atenção fosse dispensada aos seus familiares e as dezenas de colegas de trabalho do grupo de agentes comunitários de saúde que acompanharam o dilema da companheira passo a passo.
Os familiares, vizinhos, amigos e agentes de saúde do município se reuniram na tarde desta última segunda-feira (11/10), na casa da vítima no bairro São Lourenço, para receber a equipe do Teixeira News. A nossa reportagem aguardou por 40 horas, um retorno dos nossos contatos com a administração municipal para que o Hospital Regional de Teixeira de Freitas se pronunciasse sobre o episódio, mas não conseguimos ouvir nenhum profissional médico que acompanhou a situação de “Ivete” e que pudesse nos esclarecer sobre o fato. A vítima que era auxiliar de enfermagem e agente de saúde, Rivete de Fátima Meira Viana, “Ivete”, 47 anos, deixou três filhos e quatro netos. As fotos da vítima mostradas no álbum desta matéria foram cedidas e autorizadas pela família.
Fonte: Athylla Borborema/Teixeira News