Índio

Índio

Morei em Porto Seguro na década de sessenta e conheci uma tribo indígena em Coroa Vermelha. Naquela época, a Mata Atlântica era mais densa, eles viviam na floresta e iam a Coroa Vermelha vender artesanato, mas o ritual é sempre o mesmo, o homem branco os persegue, eles carregam as crianças nas costas, amarram os animais e partem. Assim tem sido: deixar tudo e sair correndo, como ratos.

Os homens brancos que chegam a Amazônia hoje são loucos, querem a terra e levar a madeira. A selva não se pode carregar às costas e transportar como um pássaro morto. Eles instalam-se perto da aldeia e são como um vento de catástrofe, destroem tudo o que tocam. Deixando um rastro de desperdício incomodam os animais e os índios.

Os índios alimentavam-se da terra e não agridem o meio ambiente, moravam em humilde ocas indígenas. A floresta era sempre silenciosa exceto por seus passos, respiração e o som ambiente da chuva fina salpicando as folhas. Eles antes dos madeireiros e garimpeiros, estavam acostumados aos azuis e cinzas do lago, aos amarelos dourados do sol derramando sobre a água e o topo das árvores, na floresta, tudo é profundo e escuro, cada tom de verde uma versão mais saturada de si mesmo. Falar é também ser. O gesto e a palavra são o pensamento do índio, e ali tudo é natural no meio da natureza bruta.

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