Retornado de Santo Antônio de Jesus, cheguei em Bom Despacho às 15h30. A fila estava no Bompreço. Um funcionário da Intermarítima bateu no vidro do meu carro e disse: “O senhor tem previsão de ir no ferry das 22 horas?” Foi um banho de água fria. Pensei um pouco e resolvi ficar na ilha. Dirigi até o Hotel Sesc, mas o vigilante informou que estava fechado para reforma e indicou o Hotel Icaraí. Foi uma bela surpresa: tem 67 anos de construção, a minha idade. Nada adaptado para idosos, sem elevador, mas a vista, a paz e a história do hotel valeram a estadia. O imprevisto, que normalmente é ruim, mostrou que, em vez de lamentar o mau serviço da Intermarítima, podemos descobrir algo novo.
Escrevendo às quatro da manhã, horário que parece que o mundo está respirando no ritmo da minha escrita, observo o mesmo mar que João Ubaldo Ribeiro escrevia. É criativo e inspirador. A ponte que chegará no futuro acabará com estes imprevistos. Talvez, neste mundo fluido e apressado, as pessoas não terão mais uma mudança de rota para o inesperado.