“Como pode então o homem ser justo diante de Deus? Como pode ser puro quem nasce de mulher? Se nem a lua é brilhante e as estrelas são puras aos olhos dele, muito menos o será o homem, que não passa de larva, o filho do homem, que não passa de verme!” (Jó 25.4-6)
Ao ser acusado de atrair o castigo de Deus devido aos seus pecados, Jó se defende e contesta. Ele não aceita o lugar de réu e se encolhe de dor, mas não de culpa. Um atrevimento que todos repreendem. Bildade salienta que o padrão de Deus, que torna culpado o mais puro dos homens e quer que Jó dê um jeito de admitir o pecado que justifica sua aflição, que só poderia ser o juízo de Deus! Mas se as coisas eram exatamente assim, como ele próprio não estava sob o juízo de Deus? Seria porque seus pecados eram de certo tipo e os de Jó de outro? Bildade realmente entende como Deus lida com pecadores? Seres incapazes de corresponder à Sua justiça e santidade?
Há muita gente julgado (e condenando) outros em nome de Deus, do Deus que não pode suportar a iniquidade. Aquela iniquidade que ele vê no outro, enquanto é cego quanto à sua própria. Há também muita gente carregando culpa e sentindo-se miserável, interpretando seus problemas e dores como resultado do juízo de Deus, porque falharam e pecaram, atraindo maldição para si, consequências punitivas. E tudo isso devido a Deus ser justo e santo! Mas foi este o ensino de Jesus? Se ninguém pode ser justo diante de Deus, como podemos nos relacionar com Ele? Ele estaria disposto a dar boas vindas a pessoas que não sustentarão a retidão que O caracteriza?
Se Deus fosse como os amigos de Jó pensavam, encontro Seu com gente como nós seria uma carnificina. Mas não é, porque o Deus justo e santo nos amou de tal maneira! Nossa vida teria um peso insuportável se o critério de Deus fosse medir nossa capacidade de viver retamente. Mas Ele fez de Jesus nossa justiça. Por causa de Deus, gente que jamais será justa, recebe o direito de viver em Sua presença. E em Sua presença há tanto amor que somos atraídos para sua retidão e santidade e escolhemos lutar contra nós para ser como Ele. Recebemos misericórdia e graça, de modo que uma beleza que só Cristo tem naturalmente, vai surgindo em nós. Não é uma questão de ser justo, mas de ser amado. Deus quis fazer assim. Os imperfeitos são bem-vindos e isso os transforma!