“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” Matheus:5:3-12.
Sinto a dor da perda de tantas vidas inocentes nestas duas principais guerras atuais. São pessoas mansas que sonhavam coisas bonitas. As famílias têm uma dor no estado puro.
Ovelhas são animais mansos, sem garras ou chifres, incapazes de se defender, morrem mansamente nos dentes dos lobos. E dizem que nem mesmo batem. Morrem silenciosamente.
Um dos corais mais lindos de Bach descreve essa cena: “Mansamente pastam as ovelhas”. Mas essa imagem de felicidade que dava sentido à nossa vida comum se transformou numa bolha de sabão. Os poetas insistem em acreditar, continuam soprando e falando de esperança, mas, tão logo se formam, as bolhas flutuam no ar e arrebentam.
Muitos inocentes morreram em pouco espaço de tempo. Vítimas despreocupadas, sem medo, inconscientes do perigo. Foi esta imagem, a imagem da fragilidade e do abandono diante do poder das armas, que me comoveu. Mas sinto uma dor maior por nós mesmos, porque o que acontece na Ucrânia e na Faixa de Gaza é um símbolo da condição de todos nós: somos ovelhas, a mercê dos lobos.