Um pequeno estudo feito com 15 pessoas na Bélgica indicou uma tendência entre mulheres perto de completar 40 anos de optarem pelo congelamento de seus óvulos enquanto procuram o parceiro certo.
Um terço das quinze entrevistadas disseram que estavam recorrendo ao congelamento também como uma medida de segurança contra a infertilidade.
Outra pesquisa, feita com 200 estudantes na Grã-Bretanha, revelou que oito em cada dez estudantes de Medicina considerariam fazer o procedimento para poderem se concentrar na carreira antes de decidirem ser mães.
Entre estudantes de Esportes e Educação, a metade disse que consideraria o procedimento.
Os estudos foram apresentados durante uma conferência da European Society of Human Reproduction and Embryology, em Roma, Itália.
O congelamento de óvulos, técnica relativamente recente, permite que uma mulher guarde seus óvulos caso, no futuro, ela tenha de recorrer a um tratamento de fertilização in vitro para engravidar.
As chances de sucesso são melhores entre mulheres jovens e saudáveis, mas a maioria das mulheres utilizando o procedimento hoje tem quase 40 anos e está optando pelo congelamento como “último recurso”, segundo cientistas.
Cada tentativa de fazer o congelamento custa em média US$ 4,5 mil (cerca de R$ 8 mil) e algumas mulheres precisam fazer três ciclos de forma a preservar um bom número de óvulos.
Em sua apresentação durante a conferência, Julie Nekkebroeck, responsável pelo estudo belga do qual participaram 15 mulheres, disse que 27% das entrevistadas declararam que gostariam de esperar que seus relacionamentos se consolidassem antes falar em ter filhos.
As mulheres, que tinham idade média em torno de 38 anos, não esperavam usar os óvulos antes de chegarem aos 43 anos e afirmaram saber que precisavam fazer o procedimento enquanto estavam férteis e saudáveis.
“Elas tinham tido parceiros no passado, uma estava em um relacionamento, mas não realizaram o desejo de ter um filho porque achavam que não haviam encontrado o homem certo”, disse Nekkebroeck.
Carreira
Apresentando o estudo britânico durante a mesma conferência, a médica Srilatha Gorthi, do Leeds Centre for Reproductive Medicine, na cidade de Leeds, Inglaterra, disse que é a primeira vez que opiniões de mulheres jovens em relação à questão da fertilidade são examinadas desta forma.
Gorthi disse que as estudantes de Medicina citaram a carreira como justificativa mais comum para considerarem o congelamento, outras estudantes estavam mais preocupadas com a estabilidade financeira.
A pesquisadora acrescentou que a sociedade precisa oferecer mais apoio às mulheres jovens para que possam começar a família quando estão prontas, sem ter de comprometer suas carreiras.
“Mulheres que pensam em passar por esse procedimento precisam receber informações precisas e aconselhamento quanto aos benefícios e limitações do congelamento em comparação com outras opções”, disse.
A porta-voz da entidade britânica de apoio a pessoas afetadas pela infertilidade Infertility Network UK, Clare Lewis-Jones, disse que é extremamente importante que as pessoas se conscientizem dos efeitos da idade sobre sua fertilidade.
“Muitas mulheres agora optam por adiar o momento de ter filhos e, embora devam ser apoiadas nessa escolha, precisam saber dos problemas potenciais que podem enfrentar quando decidirem ser mães”.
“A idade tem um impacto sobre a fertilidade dos homens também e quando elas encontrarem o parceiro ideal, podem descobrir que ele tem problemas”.
“Elas também precisam estar conscientes de que tratamentos para fertilidade não têm garantia de sucesso”, afirmou.
Fonte: BBC