Imagine conviver com o som de um apito, um chiado de cigarra ou um grilo o tempo inteiro no ouvido. Como diria o ditado: durma com um barulho desses! É exatamente assim que muitas pessoas vivem. Porém, graças ao esforço e ao estudo intenso de alguns médicos de diversas áreas, especialmente otorrinolaringologistas, este sofrimento pode ter fim. A cura para o famoso zumbido acaba de ganhar um forte aliado em Salvador. Trata-se do PAZ – Projeto Anti Zumbido que disponibiliza um serviço de saúde de caráter multiprofissional e cujo atendimento se dá exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Como a própria sigla diz, a iniciativa deseja proporcionar a tão sonhada paz aos pacientes que procuram o atendimento, realizado no Ambulatório Docente-Assistencial da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (ADAB), em Brotas (Av. Don João VI, n.275).
Integrando as atividades do Projeto que teve início neste mês de julho, serão realizadas as palestras “Desativação de pontos gatilhos miofaciais e controle do zumbido somatosensorial” e ” Zumbido, uma abordagem multidisciplinar”, no próximo dia 30, às 16h, no ADAB, com a pioneira em estudo sobre o zumbido, no Brasil, Tarrit Sanchez. O evento tem o objetivo de oficializar a abertura do PAZ.
Tarrit Sanchez é médica, autora do livro “Quem disse que zumbido não tem cura?” e fundadora do Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido – GAPZ. Criada há mais de dez anos, a entidade tem a missão de dar apoio e informações atualizadas aos portadores de zumbido que apresentam repercussões importantes em sua qualidade de vida. Trata-se de um trabalho multidisciplinar voluntário que acontece em sete cidades brasileiras (São Paulo, Campinas, Curitiba, Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e São José do Rio Preto). Tanit presidirá o X International Tinnitus Seminar, que acontecerá no Brasil em 2011.
Paz
O PAZ é uma iniciativa da Drª. Clarice Saba, otorrinolaringologista, professora da Bahiana e também coordenadora do Projeto. Segundo ela, o atendimento é multiprofissional (envolve médicos de diversas especialidades, fisioterapeutas, dentistas e até nutricionistas), “pois o zumbido tem várias causas a exemplo da parcial perda auditiva, questões anatômicas referentes à face, postura, alterações nos níveis de triglicerídeos, pré-diabetes, alto consumo de cafeína, de açucares, dentre outros fatores”, explica.
Segundo dados divulgados pelo GAPZ, mais de 28 milhões de brasileiros são portadores de zumbido, “porém, o zumbido não é doença, mas sim, sintoma”, esclarece Dra. Clarice afirmando que em grande parte dos casos há a cura. Outro diferencial do serviço é que é exclusivamente destinado a pacientes com o problema. “Nós não atenderemos outras queixas a não ser zumbido, para que possamos prestar um serviço de qualidade, com uma consulta de um tempo mínimo de 30 minutos”, destaca.
Zumbido
Estima-se que 17% da população mundial apresentam o zumbido. Esse sintoma, hoje considerado passível de cura, traz transtornos à população tais como alterações do humor, agravamento de patologias como a hipertensão e diabetes, irritabilidade, depressão, e pode até mesmo levar ao suicídio.
Devido à grande associação com diversas comorbidades (coexistência de transtornos ou doenças), o zumbido pode servir como sinal de alerta na descompensação das doenças metabólicas de grande impacto na população a exemplo de hipertensão, diabetes, dislipidemias, hipo ou hipertireoidismo, etc.
O zumbido também tem grandes repercussões na comunicação humana, principalmente nos pacientes portadores de presbiacusia (diminuição auditiva relacionada ao envelhecimento), perda auditiva e/ou portadores de doenças auditivas ocupacionais.
O tratamento do zumbido é fundamental para a melhoria da qualidade de vida da população. Devido à multiplicidade de causas, torna-se necessária uma ação multidisciplinar que inclui avaliação e, quando necessário, tratamento em medicina interna, psicologia, fisioterapia, radiologia, terapia ocupacional, odontologia, etc.
Clarice Saba
Médica graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (1983), fez seu último ano de formação (6º ano) no Serviço de Otorrinolaringologia da PUC de Porto Alegre. Possui Residência Médica em otorrinolaringologia na Clínica Professor José Kós, Rio de Janeiro. Fellow em dois importantes serviços em otorrinolaringologia mundiais – Jackson Memorial Hospital – USA e Groninghen Ziekenhuis – Holanda. Atualmente é Diretora Técnica do Centro de Otorrinolaringologia da Bahia; Preceptora da Residência Médica em Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia da Bahia – Hospital Santa Izabel; Vice-Presidente da Sociedade de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Bahia, Membro da Comissão do Departamento de Título de Especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Coordenadora e Idealizadora do Ambulatório de Zumbido da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
Fonte: Juliana Maia / Ascom do Núcleo de Comunicação e Marketing da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública