O Hospital Estadual Costa das Baleias (HECB) registrou, neste final de semana, a primeira captação múltipla de órgãos, após a decisão da família de um doador de 54 anos diagnosticado com morte encefálica. O gesto beneficiou ao menos três pacientes que aguardavam na fila de espera para transplante de fígado e rins.
Para Natiele Aragão, coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), este gesto é essencial para salvar vidas. “É uma enorme satisfação para todos nós, especialmente no mês do Setembro Verde, poder ter contribuído para esse processo transformador. Acredito que a doação é mais do que um ato de amor, é também uma forma de dar um novo significado à partida do nosso ente querido”, compartilhou.
O processo de transferência aconteceu em parceria com a Central Estadual de Transplantes (CET) e a Força Aérea Brasileira (FAB). Os órgãos doados foram encaminhados para pacientes receptores que residem nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
No Hospital Estadual Costa das Baleias, o fluxo de doação de órgãos é supervisionado em todas as fases, desde o contato inicial com os familiares e o apoio emocional até a organização das rotinas e a aplicação dos procedimentos fundamentais. Essa operação é realizada pela CIHDOTT e pela equipe multidisciplinar da unidade.
O mês de setembro é destacado pela realização da campanha voltada a sensibilização e incentivo à doação de órgãos.
Para se tornar doador de órgãos e tecidos, é necessário apenas informar aos familiares sobre a intenção. Não é preciso apresentar documentos ou registros escritos.
Critérios técnicos
A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.
Além disso, algumas situações de extrema gravidade com risco de morte e condições clínicas de um paciente aguardando transplante também são determinantes na organização da fila do transplante. São eventos determinantes de prioridade na fila de doação: a impossibilidade total de acesso para diálise (filtração do sangue), no caso de doentes renais; a insuficiência hepática aguda grave, para doentes do fígado; necessidade de assistência circulatória, para pacientes cardiopatas; e rejeição de órgãos recentes transplantados.
Cabe destacar que a lista é única tanto para pacientes do SUS quanto da rede privada.