Em meio à Campanha Azul Vermelho da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, que visa conscientizar sobre a prevenção de doenças circulatórias silenciosas, surge uma questão crucial para Feira de Santana: como a baixa cobertura de atenção básica no município compromete a saúde da população, especialmente na identificação e prevenção dessas condições graves.
As doenças vasculares, como a Doença Arterial Periférica (DAP), Trombose Venosa Profunda (TVP) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), são perigosas não apenas pela sua gravidade, mas também por se desenvolverem de forma silenciosa. Os sintomas muitas vezes sutis, como sensação de peso nas pernas, inchaço e varizes, tornam crucial a detecção precoce através de um acompanhamento médico regular.
No entanto, em Feira de Santana, a cobertura da Estratégia de Saúde da Família, responsável pela atenção primária, deixa uma parcela significativa desassistida. Para alcançar uma cobertura adequada, o município precisaria implantar 46 novas equipes de Saúde da Família e construir, no mínimo, 12 novas Unidades Básicas de Saúde.
Essa deficiência estrutural na saúde básica tem consequências diretas na capacidade de prevenir e tratar doenças circulatórias. Como a atenção básica é a porta de entrada para o sistema de saúde, a falta de cobertura impede que muitos moradores de Feira de Santana recebam orientações preventivas, diagnósticos precoces e o acompanhamento contínuo necessário para evitar complicações maiores.
A Campanha Agosto Azul Vermelho reforça a importância da prevenção e do acompanhamento regular com especialistas, especialmente para aqueles com histórico familiar de doenças vasculares. Contudo, sem um sistema de atenção básica robusto e acessível, grande parte da população de Feira de Santana fica vulnerável, à mercê de condições que poderiam ser evitadas com medidas simples e acessíveis.
A precariedade na cobertura da atenção básica em Feira de Santana não apenas coloca em risco a saúde dos moradores, mas também sobrecarrega as unidades de saúde de média e alta complexidade, como o Hospital Geral Clériston Andrade, que acaba absorvendo casos que poderiam ser resolvidos na atenção primária. “Seria essencial que as autoridades municipais investissem na ampliação e melhoria das unidades básicas de saúde para garantir que a prevenção, um dos pilares da saúde pública, chegasse a todos os feirenses”, analisa o superintendente estadual de Atenção Integral da Saúde, Karlos Figueiredo.