Entre os dias 8 e 10 de outubro, o município de Caravelas recebeu uma ação importante para valorizar a história quilombola da região. Técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) estiveram na comunidade de Volta Miúda para falar sobre a nova portaria de tombamento dos quilombos (Portaria nº 135/2023), um passo importante na proteção de documentos e sítios que guardam lembranças dos antigos quilombos.
A ideia é que esse novo instrumento seja mais fácil de entender e de acessar para a comunidade, deixando claro como o processo de tombamento funciona e como ele pode ser feito em conjunto com os quilombolas. Durante a visita, os moradores de Volta Miúda demonstraram interesse em conhecer as possibilidades de proteção oferecidas pelo Iphan.
Volta Miúda, que já tem um bom caminho percorrido com o processo de regularização fundiária junto ao Incra, deve indicar em breve quais partes de sua história e cultura serão protegidas oficialmente. Segundo a antropóloga do Iphan-BA, Rebecca Guidi, “o próximo passo é amadurecer a escolha das referências culturais que a comunidade quer tombar”.
A escola rural e algumas construções comunitárias estão entre os lugares que os moradores querem ver protegidos, pois enfrentam ameaças à sua preservação. Além disso, foram identificados outros locais de memória que não estão incluídos no território oficializado pelo Incra, mas que podem entrar no processo de tombamento.
A comunidade de Volta Miúda segue em sua luta pela titulação das terras e pela preservação de suas tradições, em um cenário dominado pela monocultura de eucalipto, que muda o modo de vida local. O Incra já homologou o mapa oficial do território quilombola no ano passado, mais um avanço nessa caminhada.
Durante a visita, a equipe do Iphan também aproveitou para fiscalizar dois importantes sítios arqueológicos: a Senzala da Volta Miúda e o Cemitério São Pedro. A senzala guarda a memória da resistência afro-brasileira, com vestígios do passado quilombola da região. Já o cemitério é um resquício da Colônia Leopoldina, fundada por imigrantes germânicos em 1818, a primeira colônia de europeus não-portugueses no Brasil.