Há um mês, no dia 29 de setembro de 2021, a música “Entre Estações” causou emoção na plateia que acompanhava a quinta noite de apresentações do Encontro de Cordas 8.0 do ICED em Teixeira de Freitas. Na noite mais erudita do festival, a composição conquistou o público formado por músicos, autoridades da Secretaria de Cultura da Bahia e apaixonados pela arte.
No palco, o maestro Valdir Claudino comandou a Camerata do Encontro, que teve ainda o solo de oboé por Moisés Pena. Entre as pessoas que assistiam estava o próprio compositor de “Entre Estações”: o jovem teixeirense Tarcísio Galvão Lima, acompanhado por sua esposa Camila, que espera o primeiro filho do casal.
A criação
Em uma entrevista casual, Tarcísio contou que “Entre Estações” é fruto da sua formação acadêmica em música. Foi uma criação que fazia parte do recital da sua graduação, como trabalho de conclusão de curso. O nome é a uma referência ao tempo que demorou para que ficasse pronta; o ciclo “entre solstícios e equinócios que existem entre uma estação e outra”.
Uma curiosidade, é que Tarcísio nunca tinha ouvido uma orquestra tocar quando começou a fazer a música. Essa foi uma das razões pelas quais ele precisou de cerca de um ano até finalizar. “Eu escrevia e então eu ia ver uma orquestra tocando, para ouvir os instrumentos soando e entender então a dinâmica, até chegar ao que eu queria”, contou.
A ideia do solo de oboé nasceu junto com a paixão que o compositor teve ao ouvir o instrumento em uma ópera. No início, ele fez a música pensando em piano e oboé. O piano por ser um dos instrumentos que ele toca. Então surgiu a necessidade de colocar a orquestra e Tarcísio chegou a cogitar a saída do piano, mas ao ouvir a execução com todos os instrumentos, optou por deixar.
O criador
O compositor, que é o atual ministro de música da Primeira Igreja Batista de Teixeira de Freitas (Pibatef), narrou que desde criança faz suas criações musicais, mas que muitas delas nunca mostrou a ninguém. Contudo, Tarcísio só se aventurou nas composições eruditas na época da faculdade, por volta de 2009.
“Na vida real”, como o ministro se referiu a sua rotina fora da faculdade, ele disse que as composições que faz são mais voltadas para arranjos de coral e alguns louvores. Afinal, justificou, são muitas horas de dedicação até que se conclua uma obra como “Entre Estações”.
A emoção
Durante a quinta noite do Encontro de Cordas, “Entre Estações” provou ser capaz de arrancar suspiros, aplausos e até lágrimas do público, mas a execução da música deixou uma pessoa especialmente emocionada. O compositor. Quando explicou o que sentiu ao assistir sua própria criação tomando forma e sendo entregue ao público, essa missão pareceu ser desafiadora para este jovem teixeirense, que por fim pontuou: “é como a alegria de parir um filho.
A boa notícia para os apreciadores da boa música, é que Tarcísio tem outras composições já prontas. E ele recordou que da plateia do Encontro de Cordas, diante da sua criação musical, se sentiu ainda mais animado para partir para novas obras.
Por: Michele Ribeiro