Greve: Em tratamento médico, idoso recorre a van para viajar para Conquista

Greve dos rodoviários também atinge os ônibus intermunicipais. Seu Antônio se trata contra câncer na capital, mas mora em Conquista.

A greve dos rodoviários na Bahia também tem atingido a população que depende do transporte intermunicipal. São pessoas como Seu Antônio José Alves Filho, de 75 anos, que mora em Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, mas faz tratamento contra câncer de próstata e viaja com frequência para Salvador. “A prefeitura de Vitória da Conquista nos ajuda, pagando a passagem de ônibus que custa R$ 123 para mim e um acompanhante”, conta.

Seu Antônio deveria embarcar de volta para Vitória da Conquista às 21h de quarta-feira (23), mas com a paralisação do transporte, teve que recorrer ao transporte alternativo, uma van, na manhã desta quinta-feira (24) e desembolsar R$ 120 para conseguir voltar para casa com a filha. “Isso é um absurdo, muita gente dormiu aqui e está fazendo tratamento médico. Tivemos que ir para um hotel perto da rodoviária, que gerou mais uma despesa. Não posso faltar ao trabalho”, desabafa Maria Aparecida, filha de Seu Antônio.

Dona Doralice Almeida Silva, de 70 anos, também teve que esperar bastante para conseguir viajar ainda nesta manhã. Ela conta que chegou na rodoviária de Salvador por volta das 5h30, pois seu ônibus com destino a Aracaju deveria sair às 6h, mas atrasou por duas horas e meia. “Acho que a culpa não é das empresas de transporte intermunicipais e sim dos manifestantes que não deixam os ônibus sairem”, opina.

O ônibus de Dona Doralice seguiu viagem às 8h30 desta quinta-feira, com apenas quatro passageiros à bordo. O motorista diz que alguns colegas chegaram a passar dois dias impedidos de viajar, hospedados em hotel. “Teve um acordo com os rodoviários e as empresas, definindo que os ônibus interestaduais começariam a ser liberados”, diz Márcio José, motorista de ônibus.

Greve no interior do estado

As 178 linhas de ônibus intermunicipais que saem de Feira de Santana, município a cerca de 100 km de Salvador, estão paradas. A alternativa para muita gente tem sido utilizar o transporte alternativo. Cerca de 3 mil pessoas deixam de embarcar na rodoviária desde o início da greve dos rodoviários no estados. Outras 77 cidades da região também pararam as atividades. Na manhã desta quinta-feira (24) o movimento na rodoviária da cidade foi pequeno na área de embarque e desembarque de passageiros. Boa parte do movimento é de passageiros que aguardam ônibus que saem de outros estados e que passam pela cidade para seguir viagem.

Em Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, a greve atingiu passageiros que pretendiam viajar para Salvador e Feira de Santana. Na quarta-feira (23), dos 15 horários que seguiam para a capital baiana, 11 foram cancelados. Em dias normais, 450 pessoas saem da cidade para Salvador diariamente.

Em Itabuna, no sul do estado, o movimento também foi menor que o normal nesta quinta-feira. As viagens para Salvador foram suspensas e pelo menos 850 passagens foram canceladas.

Em Barreiras, na região oeste, o movimento foi tranquilo durante a manhã, com poucos passageiros embarcando. As empresas aderiram à greve e em uma delas foi suspensa a venda de passagens.

Em Juazeiro, no norte do estado, houve pouco movimento na rodoviária e nenhum ônibus chegou ou saiu do pátio com destino a Capim Grosso, Feira de Santana e Salvador. Em dias normais, o movimento costuma ser intenso pela manhã. O transporte está mantido apenas para o norte do estado, como os municípios de Curaçá, Uauá, Bonfim, Campo Formoso e Miguel Calmon. As passagens com destino a Salvador tiveram a venda suspensa.

Pleito dos rodoviários

Os rodoviários pedem 13,8% de aumento. A categoria almeja a volta do pagamento do quinquênio (benefício extinto em 2006), reajuste salarial referente ao cálculo de índice de inflação do Dieese, mais 3% de ganho real. Os rodoviários pedem também 30 tíquetes alimentação com valor de R$ 12 (hoje de R$ 10,70), com desconto de 20% do valor do salário. Ao todo, 18 mil rodoviários estão em greve na Bahia.

Por determinação da Justiça, grevistas e empresários são obrigados a manter em funcionamento, nos horários de pico, 60%. A multa pelo descumprimento dessa ordem é de R$ 50 mil.


Fonte: Brenda Coelho e Egi Santana\G1, com informações da TV Oeste, TV Sudoeste, TV Subaé, TV São Francisco e TV Santa Cruz

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui