“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.” (Efésios 2.8-10)
A fé e as obras são partes do mesmo sistema. O sistema da Graça. A Graça não nos desocupa, nos ocupa. Não diz: “Relaxa!” Diz: “Mãos à obra! Sirva!” Mas tudo de um jeito bem diferente do que faz a religião. A religião nos oprime, nos cobra, faz com que nos sintamos endividados, culpados e obrigados. A Graça, não. Ela nos libera as mãos de tentar fazer a vida dar certo do jeito errado. Libera-nos a mente de procurar fórmulas que nos levem ao sucesso. Liberta-nos da mentira de que para sermos felizes precisamos alcançar o sucesso, pois felicidade é resultado de amor e serviço amoroso ao semelhante. A Graça nos coloca em comunhão com Deus e a proximidade com Ele nos muda. Muda nosso modo de ver e entender tudo, um pouco de cada vez. E então é irresistível não entrar em ação. Por isso Tiago categoricamente afirmou que a fé sem obras é morta! (Tg 2.17). A fé que nos muda nos coloca em ação para mudar coisas, mudar realidades, mudar o fluxo equivocado que o pecado tem imposto à histórias. Tanto pessoal quanto coletiva. Como não fazer nada se nosso coração está cheio das coisas que Deus tem feito por nós? Dádivas da Graça produzem atitudes na vida!
O que move o que? A fé nos faz agir ou a ação nos leva a crer? As duas coisas! No sistema da Graça cremos e nos inquietamos para fazer e fazendo, encontramos fortalecimento e vida para fé que nos habita. Mas, tenhamos cuidado. O mundo é especialista em produzir substitutos à fé que inspira e se inspira nas boas obras próprias dos que são alcançados pela Graça! No campo da religião é que esses substitutos mais florescem. Um deles é religiosidade travestida de espiritualidade. Ela nos torna produtos da experiência litúrgica. Vamos ao templo e lá vivemos nossa fé. Há os espectadores e os atores, mas todos apenas vivendo como agentes religiosos. Esperando pelo culto para servir a Deus, embora o culto precise nos agradar, do contrário, o rejeitamos! Assistimos e/ou performamos nossas preferências, mas para agradar a Deus. Concentramo-nos na tela, no que acontece no palco. Não fazemos parte, de fato, de uma comunidade onde servimos, amamos, colocamos o outro em primeiro lugar, praticamos a humildade. Acabamos apenas como participantes da liturgia e o máximo de nós cabe num envelope. Fora do templo, tudo é apenas nosso. Vivemos para nós mesmos e esperamos que o templo nos anime para continuarmos fazendo isso: viver para nós mesmo com a ajuda de Deus.
Nosso problema é que queremos, pelos nossos critérios, iludidos por nossa contabilidade aplicada aos números da economia divina, usando as fórmulas que preparamos pela combinação de versículos e conceitos, o fluxo misterioso da Graça que salva e redime. E nada entendemos de amor, o Elo Perfeito! (Cl 3.14). Para onde estamos olhando que não vemos que os números não batem? As pedras estão clamando! A vida não melhora! Nem fora e, lamentavelmente, nem dentro da igreja! Mas o espetáculo não pode parar! Afinal, o que faremos se não fizermos o que temos feito a tanto tempo?! Onde está a multiforme sabedoria de Deus destinada a igreja, para que seja conhecida por autoridades e poderes celestiais? (Ef 3.10) Veja que declaração incrível: a igreja, terrena e temporal, revelando a poderes e autoridades celestiais a diversidade dos planos perfeitos de Deus. O Deus que resgata seres humanos caídos e os recria para que realizem as boas obras pensadas por Ele, antes de cria-los! Seres humanos em pé, depois de terem caído e que se levantam, se voltam a cair. Encontrados, depois de perdidos. Amados e aprendendo a amar! Se não vivermos pela Graça, perderemos a graça da vida. E a temos perdido. Mas, em nome de Jesus, que a Graça prevaleça!