Graça escandalosa

“Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado.” (Romanos 7.24-25)

“Tu me perdoas? Mesmo sabendo o que eu fiz? Importa-te comigo? Mesmo sabendo quem sou? Lanças meus pecados num “mar” chamado esquecimento? Não compreendo estes conceitos. Não entendo este amor que alguns chamam de graça. Devo acreditar nisso? Só acredito no ar e ainda assim me queres? Só penso em mim mesmo e ainda me buscas? Isso parece fantasia de almas perturbadas pela culpa. Mas é por mim que te humilhas. Derramas teu próprio sangue. Por mim? Não chegaste ao endereço errado? Eu digo que não quero, nego esta atração que sinto. Não posso crer no que não vejo. Como acreditar em algo que não posso tocar? Tu me perdoas? Mesmo sabendo o que eu fiz? Importa-te comigo? Mesmo sabendo quem sou? Lanças meus pecados num “mar” chamado esquecimento? Sou dono de mim mesmo. Senhor dos meus desejos. Um dia tudo acaba. Preciso viver intensamente estes dias de prazeres que não quero que acabem. Não há vazio algum! Meu coração está cheio e quando preciso vou e busco a qualquer custo o que ele precisa. Não compreendo estes conceitos. Não entendo este amor que alguns chamam de graça. Devo acreditar nisso? Não posso mais resistir. Chega de me auto enganar. Basta! Entrego-me a ti. Sou culpado e não o Senhor. Abraça-me! Teu nome me faz tremer. Jesus! Jesus! Entra na minha casa, na minha vida, na minha história, me apruma. Este vazio que sempre neguei existe! Aceito esta escandalosa graça que me acolhe, que me transforma. Aceito esta escandalosa graça que me torna escândalo também. Mais um ao pé da cruz. Mais um… escandalosamente Feliz!” (A ESCANDALOSA GRAÇA DE DEUS – Willian Vicente Borges)

Um miserável sob a graça é digno aos olhos de Deus. Um digno sem a graça, é um miserável. Um miserável tentando ser digno por si mesmo torna-se um hipócrita, assim que amadurece. E será mesmo um hipócrita, a menos que abandone esse jogo humano da suficiência, aprendido na escola da religiosidade. Até lá, como um miserável imaturo tentando por si mesmo ser digno, revela-se um réu com síndrome de juiz, um pecador que não acredita que é assim, tão pecador. Alguém culpado daquilo que julga os outros e nem percebe isso! É o Jesus gracioso do Evangelho quem nos faz dignos aos olhos de Deus. Uma dignidade que nos conscientiza: somos miseráveis! E seguimos assim pela vida: miseráveis dignificados; admirados, como Paulo, de que duas realidades tão distintas habitem um só ser. Miseráveis livres pela graça de Cristo.

Um “miserável sob a graça” já é filho amado de Deus embora seja ainda um pecador e seja capaz de trair o amor que recebeu. Mas isso não é toda verdade. A melhor parte é que, quando a miséria e a graça se encontram, a graça prevalece e supera a miséria. É a justiça operando por meio da misericórdia – algo que não entendemos. Será que Paulo entendia esses mistérios da graça e do amor de Deus? Creio que não. Willian Borges confessou: “Não compreendo estes conceitos”. Eu me uno a eles e a tantos outros e com eles agarro-me ao frágil fio da fé. É o bastante. Fico com a escandalosa graça. Analisada, parece loucura: diz ao pecador que não se preocupe. Experimentada, sustenta, capacita e muda o pecador. Apesar do que somos, do que não somos e do que gostaríamos ou deveríamos ser, mas não conseguimos, somos livres. Por causa da Graça. Graça Escandalosa!

 

 

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