“Pois sou o menor dos apóstolos e nem sequer mereço ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou…” (1 Coríntios 15.9-10a)
A graça de Deus não apaga a memória sobre quão maus e errados fomos ou estejamos sendo. A graça de Deus não é uma lavagem cerebral. História é história. Biografia é biografia. Não dá para reescrever o passado. Paulo sabia o que havia feito. Ele havia feito muitas coisas ruins e não se orgulhava e nem negava isso. Mas isso já não o definia mais. É o que a graça faz: nossos erros, fracassos, maldades e males perdem o poder de nos definir. Perdem a força para nos escravizar. Não precisamos escondê-los, mas eles perdem o peso que tinham antes e tornam-se lenha que alimenta a chama da humildade. Servem de combustível para essa linda e indispensável virtude cristã.
A graça nos coloca em condições privilegiadas. Pela graça, podemos desfrutar diariamente da presença de Deus e experimentar o bênção de orar e ser ouvido por Deus. Pela graça, recebemos graças, bênçãos. Recebemos o que não merecemos e somos tratados como se fôssemos quem, de fato, ainda não somos. Pela graça, pecadores são tratados como santos! Pela graça, podemos nutrir a certeza de que somos filhos de Deus e de que nada, jamais, poderá nos arrancar de Suas Mãos (Rm 8.38-39).
Tudo isso pela graça. Não por nós mesmos. Por isso graça e humildade andam juntas. O que temos nos foi concedido, não conquistado. Foi pela graça, não por merecimento ou competência.
Deus resiste aos soberbos, diz as Escrituras, mas concede graça aos humildes (Tg 4.6). A soberba, o orgulho, a presunção, nos afastam da graça. Elas são alimento para nossa falta de fé. Devemos ter a sensatez de ser humildes. A humildade possibilita a graça e a graça inspira a humildade. A graça torna o poder desnecessário. Pela graça, podemos ser humildes e mais da graça receber.
Paulo sabia quem era, sabia o que havia feito, sabia o que estava fazendo e não ficou nem na culpa e nem no orgulho. Ficou na graça! E é onde devemos aprender a ficar e superar maldades e males, produzindo frutos para Deus e jamais abrigando presunção ou orgulho. Afinal, a graça tem tudo a ver com a humildade!