Graça: começo, meio e fim!

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8-9)

Que grande desafio compreender e viver definitivamente sob a influência dessa verdade. Viver como alguém cuja conta foi completamente paga e a vida, irrevogavelmente reconciliada. Reconciliada com Deus, consigo, com o próximo e com o mundo ao redor. Essa reconciliação holística é esclarecedora sobre a missão cristã. Mas é na medida em que somos dominados pela certeza da Graça e a compreendemos mais claramente, que somos efetivos em viver e revelar a esperança do Evangelho, cumprindo assim nossa missão. Para nosso próprio bem e para o bem do mundo todo! Afinal, como disse Paulo,  há uma liberdade própria dos filhos de Deus que até a natureza por ela geme, ansiando recebe-la (Rm 8.20-22). O mundo precisa desesperadamente de gente que vive como salvo, curado, resgatado. Gente resolvida com Deus. Que vive firmada na Esperança. Gente que enfrenta dores, mas que é definitivamente curada. Que tem problemas de vários tipos, mas que está aprendendo a viver plenamente. Sem respostas para muitas perguntas, mas em paz. É bem profundo tudo isso e nós, como percebeu Paulo, “vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho” (1 Co 13.12).

Precisamos de mais lucidez e não a teremos apegados a fórmulas espirituais, iludidos com os simplismos das doutrinas e clichês que elaboramos. Nossas frases de efeito jamais causarão um efeito duradouro. São apenas fumaça, bolhas de sabão, vaidade religiosa. A lucidez que precisamos exige calma e fé perseverante. Insistência na desconfiança sobre nós mesmos e coragem para aprender a amar. A Deus e ao próximo. E o amor a Deus, estou quase certo, começa com o amor ao próximo. Está no amor ao próximo o caminho para que aprendamos a amar a Deus. Sempre pensei que fosse o contrário: que ao amar a Deus seria inspirado a amar o próximo. Mas percebo uma outra dinâmica: na busca por amar a Deus a quem não vejo, Deus me indica o próximo para que o veja. E vendo-o, e amando-o, com minha limitação, um de cada vez, vencendo meus preconceitos e orgulho, me descubro amando mais a Deus e mais fiel a Ele. É assim esse novo mundo em que a graça que salva nos coloca. E temos muito a aprender! Precisamos de um flexibilidade que enfrenta a dureza da rigidez religiosa.

O que me intriga é o quanto o mundo da religião que construímos ao longo dos séculos é diferente desse mundo da Graça. Alguém disse que, em terra de corcunda andar ereto é uma aberração. É nosso caso! E talvez seja por isso que tenhamos criado nossa própria versão de vida cristã, com os controles e indicadores a que estamos acostumados. E assim, talvez, o sucesso que vemos seja fracasso e vice-versa. E ai sentimos os efeitos (ou sintomas): somos muitos, mas desunidos; somos melhores em ritos quem em boas  obras; pretendemos entender muito sobre Deus e vivemos ignorado pessoas; temos dificuldades com a Graça e fixação na Lei, acreditando mais que podemos ser bons o bastante do que na verdade de que a Graça é bastante. Muitos outros contrastes podem ser citados, mas consideremos dois obstáculos a superar: um mundo de costas para Deus e uma religiosidade que tem dificuldades com Deus. Temos inimigos íntimos e precisamos ter cuidado. Precisamos ouvir de novo a voz do Evangelho: “Pela Graça…”. Ela é o começo, o meio e o fim da jornada cristã.

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