Porto Seguro vive uma angústia crônica provocada pelas dúvidas que ainda pairam no ar sobre o caso da morte dos dois professores da APLB, que fará um ano daqui a menos de 30 dias. Falo das dúvidas naturais, uma vez que o crime teve conotação política.
De um lado: a polícia, o Ministério Público e a Justiça apontam Edésio Lima – ex-homem de confiança do prefeito Gilberto Abade. Aliás, Edésio não era só homem de confiança de Abade, era também (e é até hoje) de Lídice da Mata e de Domingos Leonelli (PSB). A candidata a senadora é testemunha de defesa do ex-secretário municipal, pondo a mão no fogo pelo companheiro de partido.
Do outro lado: um esforço concentrado da defesa de Edésio tenta desqualificar as acusações com ataques diretos às instituições e as autoridades envolvidas no caso, apoiados na suposta fragilidade do inquérito policial. Dizem que testemunhas mudaram seus depoimentos e que a APLB recuou radicalmente.
Todo esse turbilhão confunde ainda mais a população.
Sempre é bom lembrar que esse crime não traz apenas os cadáveres dos professores Álvaro Henrique e Elisnei Pereira. Há mais corpos enterrados ligados ao caso.
Torço muito para que seja feita Justiça. Disse Justiça, é bom repetir, e não injustiça. Não acredito que interesse a um juiz, a um promotor ou a um delegado botar inocentes na cadeia. A troco de quê?
Não sou advogado, nem juiz, nem posso tratar um crime bárbaro como este como se fosse um jogo de futebol. Não dou palpite. Só me preocupa uma coisa: se Edésio for inocente, como gritam seus defensores, então o verdadeiro mandante estaria solto e a sociedade correndo grande risco.
Mas a prova da inocência e da culpa dos acusados deve convencer a todos. O Ministério Público e a polícia devem cumprir o papel que lhes cabe. E continuo dando o meu voto de confiança as autoridades que cuidam do caso. Porque eu quando assisto um filme ainda torço para o mocinho e não para o bandido.
Fonte: Geraldinho Alves/Rede Imprensa Livre