Gasolina sem petróleo: conheça o combustível sustentável produzido no Chile

“E-fuels” são capazes de abastecer desde carros a navios e aviões, ao mesmo tempo em que reduzem as emissões de carbono

Transparente e com cheiro moderado de álcool. É assim o resultado final da primeira gasolina sintética produzida em larga escala do mundo.

A planta industrial de combustíveis ecológicos foi inaugurada na última terça-feira (20) em Punta Arenas, na região de Magallanes, no extremo sul do Chile.

Em uma sala reservada da usina, os funcionários guardam três potes de vidro com amostras do novo combustível.

Uma é bem parecida com a gasolina vendida nos postos e foi coletada no começo do processo: amarela e com cheiro bem forte.

A segunda contém um líquido um pouco mais desbotado, mas ainda amarelo. E, o último carrega o produto final com uma aparência cristalina como água.

Os fortes ventos da região oferecem mais de seis mil horas de carga máxima de operação para a geração de eletricidade verde, cerca de três vezes a quantidade disponível na Europa, e são o pontapé inicial do processo de produção. O segundo elemento essencial utilizado é a água.

Os “e-fuels” são capazes de abastecer desde carros a navios e aviões, ao mesmo tempo em que reduzem as emissões de carbono. O projeto é chamado de “Haru Oni”, que significa ventos fortes na língua dos indígenas da região.

“É uma das gasolinas mais limpas do mundo entrando em operação. É uma grande inovação sendo feita agora e não no futuro”, afirma André Clark, VP Sênior da Siemens Energy para América Latina.

A Siemens Energy, junto com a startup chilena Highly Innovative Fuels (HIF) e várias outras empresas internacionais, foram as responsáveis pelo projeto, que promete ser parte de uma verdadeira revolução tecnológica.

Durante coletiva de imprensa, autoridades chilenas e alemãs, diretamente envolvidas no “Haru Oni”, reforçaram a importância de políticas e projetos focados em um futuro mais sustentável contra as mudanças climáticas.

“Esta planta é um símbolo de um desafio gigante, pois é preciso mitigar as mudanças climáticas. Isso mostra que muitas outras coisas também são possíveis”, disse Diego Pardow, ministro de energia do Chile

O processo

Para a produção em larga escala do combustível ecológico, a fábrica utiliza o processo de eletrólise, que separa a água em oxigênio e hidrogênio.

Feito isso, o próximo passo é sintetizar os componentes com dióxido de carbono, gerando o metanol sintético. Com o processo de refino, a estrutura transforma o composto em gasolina.

O novo combustível emite 90% menos CO2 na atmosfera que os de origem fóssil e não exige adaptações mecânicas dos veículos para ser utilizado.

O batismo de fogo do “e-fuel” aconteceu no momento em que a montadora alemã Porsche, também parceira do projeto, abasteceu o modelo Mobil 1 Supercup. Com o tanque cheio, o carro circulou normalmente pela planta como faria com qualquer outro combustível fóssil já existente.

Futuro

Na fase piloto, a produção do e-metanol atingiu 750 mil litros por ano. Mas as metas é de 55 milhões de litros de e-gasoline por ano até 2025 e de 550 milhões de litros por ano até 2027. Combustível suficiente para mais de um milhão de pessoas dirigirem seus carros por quase um ano.

“Esse teste é importantíssimo também para as operações no Brasil. A qualidade do vento na Patagônia é muito parecida com a do nordeste brasileiro e o potencial é gigantesco. O futuro da energia sustentável no planeta com certeza vai passar pelo Brasil e pelo Chile”, afirma Clark.

Fonte: CNN Brasil

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui