O príncipe Philips passou longos anos como marido da rainha Elizabeth II, andava sempre dois passos atrás, conforme protocolo. O conceito de tempo perde inteiramente a credibilidade quando se chega aos noventa e nove anos de vida. Como qualquer mortal, casou, teve filhos, netos, no entanto estava sempre na prisão dos protocolos da realeza. Viveu a formalidade rigina da família real, o que perdeu de liberdade ganhou de glamour. Viver como vitrine para os súditos, sempre com um sorriso nos lábios erguendo a fatigada cabeça em tantas cerimônias diplomáticas que era obrigado a ir, tendo a individualidade e essência aprisionados pelas regas da nobreza.
Neste ar que inspirava entrava-lhe pelo peito o peso das obrigações da família real. Eis mais uma dualidade: a forma como viveu dá a sensação de ser simultaneamente belo e triste. Um dia, foi grandioso, esteve no centro do palco na realeza e no dia de seu funeral foi um floco de neve, que caiu e penetrou pelo buraco na cúpula da catedral de São Jorge em Windsor, pousando no solo e desaparecendo.