Quando Rússia invadiu a Ucrânia, não apenas destruiu o futuro de milhares de ucranianos, mas também seu passado. Por definição, o futuro é uma incerteza nebulosa, uma soma de esperanças vagas que quase nunca se realizam, e, se o fazem – geralmente tarde ou cedo demais, são uma decepção, porque nossas expectativas sempre são muito altas.
O passado é a única certeza que temos, nosso único abrigo real, apesar de nossa memória trasformar antigos fatos importantes e menos importantes em algo completamente distinto. O passado é único e impossível de repetir, e, ao contrário do futuro, é todo seu; seja bom ou ruim, significante ou insignificante, desperdiçado ou proveitoso, ele não pertence a mais ninguém. E é isto que Putim está tirando de quem foge que terá que reinventar o futuro longe do passado vivido.