“Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor. Pelo contrário: ‘Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele’. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.” (Romanos 12.19-21)
Não é fácil abrir mão do desejo e especialmente da oportunidade de retribuir o mal que recebemos. É muito bonito falarmos sobre ter um coração perdoador, mas não é fácil desenvolve-lo. Em parte acredito que seja algo que Deus nos dá, uma dádiva. Creio que sem Sua ajuda seja impossível em algumas circunstancias. Por outro lado, também acredito que seja nossa responsabilidade. Trata-se de algo que precisamos escolher desenvolver, que precisamos aprender. Se não escolhermos, se não nos for algo intencional que envolva nosso esforço e firmeza, continuaremos entregues a nós mesmos e nosso padrão será, ainda que disfarçadamente, olho por olho e dente por dente. Você é um cristão? Saiba então que não temos permissão do Mestre para nos acomodar ou nos justificar em nossas limitações. Nossa fraqueza não é um impedimento, pois Ele está conosco.
Mas nossa fraqueza é bem poderosa! Às vezes leio estes versos e saltam-me aos olhos duas expressões que acalentam minha dificuldade em perdoar: “Minha é a vingança; eu retribuirei” e “Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele”. Bem, então tomara que Deus se vingue para mim. Aliás, a vingança de Deus deve ser melhor que a minha! Mesmo assim, se Ele quiser algumas ideias de como proceder o ato vingativo, pode contar comigo! Mas, se Ele não fizer nada, pelo menos me restam às brasas sobre a cabeça do miserável! E então a pior parte de minha humanidade fica animada. Ela deseja usar a bondade como instrumento de maldade: fazer o máximo de bondade para que muitas brasas queimem sobre a cabeça desse ‘querido irmão’. Mas aí sou chamado à lucidez uma vez mais: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem”.
Jesus, preso à cruz por nossos pecados, orou por todos nós: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem.” (Lc 23.34). Filipe, o diácono da igreja de Jerusalém que foi apedrejado sob o olhar condenatório de Paulo, antes de morrer orou: “Senhor, não os consideres culpados deste pecado.” (At 7.60). Somos herdeiros dessa fé! É esse é o coração que devemos ansiar ter ao enfrentar oposições, ao sermos feridos. A que distância estamos disso? Não sei e não importa. Importa que enfrentemos cada dia e cada situação dispostos a vencer o mal com o bem e assim seguirmos crescendo. Importa resistir as tentações e as oportunidades de manchar nosso caráter e desonrar a Deus, uma por uma e o quanto antes, e seguirmos sendo transformados. Para isso devemos orar e estar vigilantes. Somos fracos, mas não precisamos viver despreparados diante do desafio de sermos bons e honrarmos a Deus. Somos fracos, e como somos! Mas podemos ser precavidos!