Deputada recém-eleita aparece em imagens recebendo maços de dinheiro
Flagrada em vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa, o pivô do esquema que ficou conhecido como mensalão do DEM e provocou um terremoto na política do Distrito Federal no ano passado, a deputada federal recém-eleita Jaqueline Roriz, filha do ex-governador Joaquim Roriz, começou a sentir os efeitos da aparição constrangedora nesta quarta-feira (9).
Integrante, até ontem, da Comissão de Reforma Política da Câmara, Jaqueline pediu para deixar a comissão após o desgaste provocado pelo vídeo, divulgado na última sexta-feira pelo site do jornal O Estado de S. Paulo. Nas imagens, a deputada aparece junto do marido, Manoel Neto, recebendo um maço de dinheiro das mãos de Barbosa. De acordo com o site do jornal, o vídeo foi gravado na campanha eleitoral de 2006, na sala de Barbosa, quando Jaqueline disputava uma vaga na Câmara Distrital pelo PSDB.
A saída da Comissão de Reforma Política, entretanto, pode ser um dos menores problemas da deputada. Dentro da Câmara, ela será investigada pelo corregedor da Casa e poderá, ainda, enfrentar um processo no Conselho de Ética cuja pena máxima é a cassação do mandato. Além disso, fora da Câmara, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai pedir no STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito contra a deputada.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (9), o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), afirmou que pediu ao Ministério Público mais informações sobre o vídeo para que o material possa servir de “instrumentos de trabalho” para o corregedor da Câmara, Eduardo da Fonte (PR-PE), e para os membros do Conselho de Ética em um eventual processo.
Maia afirmou que já foi pedido aos partidos que indiquem nomes para o conselho, de modo que sua reunião de instalação possa ser realizada na próxima quarta. Na ocasião, será escolhido o presidente do conselho, responsável por conduzir seus trabalhos. O Conselho de Ética da Câmara é formado por 15 parlamentares.
Ele disse ainda que o conselho deve debater a possibilidade de mudança em uma regra que, atualmente em vigor, impediria a punição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) em um eventual processo contra ela. Como o fato ocorreu numa época em que ela ainda não era deputada, as regras atuais da comissão impedem que ela seja punida, pois acontecimentos anteriores ao início do mandato não são levados em conta.
– Temos conversado sobre a necessidade de darmos ao conselho mais agilidade, melhores condições para que ele possa tratar sobre os temas que a ele chegarem. (…) E terá que se discutir também seus encaminhamentos, critérios que adotou até agora na análise de casos que são pretéritos [anteriores] ao mandato parlamentar.
Fonte: R7