No dilúvio de Noé. O único refúgio era um barco. Naqueles tempos era dito “O alvoroço da humanidade é intolerável e o sono não é mais possível”. Foi assim que os deuses concordaram em exterminar a humanidade.
O virologista Atila lamarino sentenciou “Queremos voltar para um mundo que não existe mais”. O fique em casa é o nosso barco, mas ele começará a afundar se as relações entre as pessoas forem as mesmas que antes quando sairmos de casa. O horror é o súbito distanciamento e retração do mundo sensível, sem deixar nada. Só trapos. O distanciamento de avós e netos, a desconfiança de aglomerados humanos. O coronavírus não desaparecerá da natureza, ele permanecerá, as pessoas idosas quando sairem da quarentena estarão expostos a ele. Nosso barco é lento. Pelo convés e pelos corredores, cruzam-se pessoas idosas desamparadas porque estão sós e longe no mundo ideal.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.