Queima de fogos cujo comemoração brilhará no escuro pela memória de tantas vítimas da pandemia, das inundações em vários estados, com desalojados que perderam tudo. Hoje, dirigindo em Salvador, olho as fachadas desfilarem sob a luz dos postes, os monumentos, às árvores, os transeuntes.
Penso como a vida é imprevisível, estas pessoas choram por coisas impensáveis, para mim que moro aqui longe deste caos. Destruições que nem sei quais são. Embora a chuva seja neutra, embora a chuva seja impessoal, tornou-se destruição para milhares de pessoas que são hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida. Todos nadamos ou nos afogamos ao enfrentar nossas deficiências na vida.
Vi na TV a resiliência de muitos. Carros passam sob as luzes claras da cidade que brilham e pairam sobre todos os prédios aqui onde estou, assisto à agitação da cidade e sei que ainda que todos os habitantes do planeta estejam sentados no mesmo barco, e além disso, sejam iguais desde o nascimento e como criaturas mortais, reina entre eles uma harmonia vã e um amor como o que existe entre um cão e um gato.
Neste fim de um ano e início de outro que as surpresas trazidas pelo cotidiano sejam bem-vindas, mesmo quando dolorosas.