“Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: “Aba, Pai”.” (Romanos 8.15)
Um dos maiores desafios que reconheço na fé cristã é aprendermos a lidar com o Deus que nos ama, que é cheio de misericórdia e graça. Pode parecer estranha essa afirmação, mas acredito realmente nela. Minha vida e a vida de muitos cristãos com quem convivo e partilho a jornada de fé me levam a ela. Para nós é mais lógico pensarmos no Deus Todo Poderoso a quem devemos temer, do que o Pai Amoroso com quem podemos ficar à vontade.
À luz desse tema, lembrei-me de uma foto que ficou bastante famosa nos tempos em que John F. Kennedy era presidente dos Estados Unidos. Ela registrou a cena que mostra o presidente com seus filhos, no Salão Oval da Casa Branca. As crianças estão à vontade e uma delas está brincando debaixo da escrivaninha onde seu pai assinava documentos com poder de afetar vidas e mudar realidades. Sendo o escritório do líder máximo da maior potência do mundo, aquele salão era icônico como referência de poder. Mas naquela cena perdia o peso do poder e ganhava a graça e a leveza do amor.
Quando Jesus ensinou aos discípulos a Oração do Pai Nosso, Ele criou este mesmo ambiente, onde o peso do poder cede e toma lugar a graça e a leveza do amor. Onde a relação entre aquele que ora e o Deus que ouve a oração é definida pelo amor e não por qualquer outro critério. Naquela oração encontram-se o Pai e os filhos. E o verso de hoje nos leva de novo a este lugar.
O Espírito que recebemos, que entrou em nossa vida para nos conduzir na relação com Deus não faz pelo argumento do medo, das ameaças. O espírito do mundo é que age assim! O Espírito que recebemos pela graça de Cristo, promove liberdade. Torna Deus acessível em Seu trono, que reveste-se de graça. Um trono de graça! É essa a natureza da relação de Deus conosco por meio de Cristo. Muitos de nós não se sentem à vontade com essa graciosidade amorosa. Em lugar de apenas abrir a porta e entrar, como faziam os filhos do presidente, acreditam que devem esperar que sejam chamados, quando merecerem, sentindo-se constrangidos e temerosos diante de Deus. Mas não precisa ser assim.
Deus nos ama. Ele já provou isso. Não devemos ter medo e devemos celebrar Seu amor lançando-nos com toda confiança em Seus braços. Devemos falar a Ele toda a verdade e jamais ter medo, pois o que nos une a Ele não é nosso mérito, mas Seu amor. E o amor lança fora o medo (1 Jo 4.18). Como aquelas crianças, podemos encontrar lugar debaixo da escrivaninha do poder de Deus e, sem hora marcada entrar no salão de Sua presença e clamar ‘Abba Pai’!