Entre janeiro e março, Salvador terá muitas festas: Bonfim, Iemanjá, Itapuã e Carnaval. A cidade será um verdadeiro palco, com hotéis e restaurantes cheios. É como se, nestes meses, o soteropolitano trocasse de mundo. É o tempo da ilusão.
Enquanto a vida se solta das mãos da realidade dura da busca pelo pão, entra o circo, onde os turistas aproveitam e os baianos pobres trabalham com seus isopores. As desigualdades na nossa cidade não podem ser eliminadas. Vejo que a vida nos bairros populares continuará sendo de sacrifício. A massa precisa se deslocar de tão longe para os circuitos das festas. O espaço das multidões é mais denso, abarrotado, mal dá para se mexer, com o ar sobrecarregado de álcool e música.
A pobreza está apenas um pouco acima da miséria completa. Talvez essa realidade seja invisível para muitos, mas é onde vivemos.