Aos 10 anos, Jacy de Oliveira Chagas começou a trabalhar no campo acompanhando o pai no cultivo da mandioca. Com sua primeira renda vinda da agricultura, comprou roupas, com a segunda uma bicicleta. Hoje, aos 66 anos, é detentor do Prêmio Estadual da Mandiocultura, por plantar e colher a melhor mandioca da região de Vitória da Conquista. Ele esteve na inauguração, durante a visita do governador Jaques Wagner ao município, do Complexo Industrial da Cooperativa Mista Agropecuária de Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia Ltda (Coopasub), da qual faz parte.
“Estou muito feliz por ver este projeto dá certo. Era tudo que a comunidade daqui desejava. Com a inauguração desta fábrica a gente vai aumentar o plantio e dobrar a renda”, disse Seu Jacy Oliveira, pai de 10 filhos, todos criados e educados com o dinheiro da produção da mandioca. O projeto inaugurado é resultado da parceria entre a Fundação Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que investiram R$ 5,6 milhões na construção da fecularia, que é um dos principais empreendimentos solidários do Nordeste, beneficiando cerca de 11.500 habitantes de 18 municípios da zona rural da região.
“Foram dois anos para construir isto aqui, com o apoio do governo do estado, federal, do município, e de muitos outros parceiros, que representa uma melhoria nas condições de vida das pessoas. Além de gerar emprego na fábrica, vai gerar vários empregos no campo por que as pessoas agora vão produzir muito mais mandioca. Houve uma agregação de valor a raiz de mandioca que era entregue por R140 reais a tonelada e hoje, com a fábrica, ela está por R$ 220, representando um ganho de mais de 50% pra os produtores. Isso traz uma vida melhor pra todos”, declarou à Tribuna Izaltiene Rodrigues Gomes, presidente da Coopasub, fundada em maio de 2005 e hoje com 2.500 cooperados.
No início da cooperativa, um diagnóstico sócio ambiental revelou que a média salarial dos pequenos produtores agrícolas da região de Vitória da Conquista estava em torno do salário mínimo. Hoje, com o total aproveito da mandioca e comercialização da produção, inclusive para a alimentação escolar, boa parte dos produtores já estão com uma renda superior a R$ 1.200 mensais. “Aqui nós temos um produtor, o Gaio, que trabalhava todos os dias da semana na plantação. Depois que ele passou a comercializar o produto através da cooperativa, tem dias que ele tira pra jogar bola. Ele diz que não precisa mais trabalhar todos os dias pra ver sua produção embalada e comercializada”, relatou Izaltiene, atestando a mudança da realidade da região, uma das maiores produtoras de farinha do país.
A fecularia inaugurada representa um investimento social de R$ 12 milhões, pois inclui ainda compra de equipamentos; instalação de casas de farinha; apoio à gestão, com capacitações; e estações digitais, para oferta de curso de informática. “Este projeto é um marco para toda a região Sudoeste. Nós somos o segundo maior produtor de mandioca do Brasil e ainda importamos fécula de mandioca de outros estados”, declarou Eduardo Salles, Secretário de Agricultura do Estado, que acompanhou a comitiva do governador.
“Ele disse que tá afim de ajudar o produtor rural, trazer renda pra o estado da Bahia. Fiquei muito satisfeito com o que ele disse. E o que a gente produz aqui é prá merenda escolar e a pastoral da criança. Agente ganha dinheiro e nossos filhos ainda come da merenda”, comentou o pequeno agricultor Oswaldo Pereira Carvalho, 48, que saiu da roça para acompanhar a inauguração da fábrica e almoçar com milhares de outros companheiros da rotina de uma agricultura familiar.
Fonte: Nelson Rocha / ribuna da Bahia