Vivemos num mundo que estamos expostos tanto à informação como a tecnologia, e temos dificuldade de nos desligar, de relaxar. É como se vivêssemos em um ciclo retroalimentar de sabotagem, como se estivéssemos viciados em drogas. Sabemos que precisamos parar, mas não conseguimos. Há inclusive, cada vez mais pessoas sofrendo síndrome de abstinência da tecnologia e da informação. Esse é um dos motivos pelo qual algumas pessoas entendem que estamos fadados a viver em uma sociedade distópica. As pessoas sentem-se paralisadas em sua capacidade de decisão, abrindo espaço para o crescimento das incertezas, dúvidas e ansiedade, originando ainda relações sociais instáveis, angustiadas e tristes.
Menos evidentes, porém mais contínuos, são os sacrifícios diários de inclinação e desejos que a vida social exige daqueles que dela participam, muitos tendo de trabalhar como se fossem duas máquinas até morrer. Hoje você tem que buscar seu ponto de equilíbrio, a sua luz na escuridão, onde muitos fazem um ano sabático ou o caminho de Santiago, buscando a calma neste mundo de loucura tecnológica. O mundo hoje diz “Morram as experiências analógicas do passado.”
Mas é preciso que a psique debilitada pelo mundo digital se sinta bem e para isto a sua relação com o tempo que está transtornada precisa mudar, o barulho característico do rio esculpindo seu caminho pela paisagem, nesta selva de pedras só fechando os olhos para imaginar, mas o vazio sinistro retorna. O vão que os séculos haviam cavado era agora um
mundo de pressa e pouca sensibilidade.