“Enquanto Pedro ainda estava pensando na visão, o Espírito lhe disse: “Simão, três homens estão procurando por você. Portanto, levante-se e desça. Não hesite em ir com eles, pois eu os enviei”. Pedro desceu e disse aos homens: “Eu sou quem vocês estão procurando. Por que motivo vieram?” Os homens responderam: “Viemos da parte do centurião Cornélio. Ele é um homem justo e temente a Deus, respeitado por todo o povo judeu. Um santo anjo lhe disse que o chamasse à sua casa, para que ele ouça o que você tem para dizer”.” (Atos 10.19-22)
Pedro estava tentando entender a visão do lençol e dos animais. Da voz lhe dizendo: “Não chame impuro ao que Deus purificou”. Mas o dia só estava na metade e havia ainda peças a serem encaixadas no cenário. Então é advertido de que três homens o estavam procurando e que ele deveria aceitar o convite para ir com eles. Talvez Pedro sequer recebesse os dois servos e o soldado romano enviado por Cornélio. Talvez, de maneira alguma, Pedro aceitasse ir com eles até Cesaréia, na casa do centurião romano. Tanto por preconceito, por não ser aceitável a um judeu entrar na casa de um gentio, quanto por medo, pois Pedro já havia sido preso antes e havia uma perseguição em curso. Poderia ser uma armadilha! Mas Deus previamente tratou dessas duas possibilidades. O medo seria o menor problema e talvez nem existisse. Mas o preconceito existia, e às vezes é mais difícil de ser enfrentado que o medo. O preconceito fecha o coração, e quando o coração se fecha, fecham-se os olhos e a mente.
Mas, como vimos, Deus agiu. Afinal, Pedro estava acessível. Ele estava em oração. E por isso viveria uma experiência transformadora. Ele teria uma visão do quanto Deus é misericordioso e age na vida das pessoas. Para um judeu como ele, nem lhe passava pela cabeça que um centurião romano fosse piedoso e estivesse buscando a Deus. E muito menos que Deus se manifestasse a esse centurião, que se agradasse da disposição de seu coração! (At 10.4) Afinal, tratava-se do “Deus de Israel”, da Lei e Moisés e de como tudo sempre foi. Se alguém desejasse algo com Deus, que viesse aprender como se faz com os judeus, que viesse tornar-se como “um de nós”. Embora pudesse não elaborar as coisas com essas palavras, essa é uma postura que facilmente podemos ler em Pedro pela maneira como Deus encaminha as coisas. A igreja estava dando seus primeiros passos e Pedro, um dos mais importantes líderes, estava sendo levado a redefinir conceitos e visão sobre Deus e Seu Reino. Orar pode nos levar (e nos leva) a experiências transformadoras!
As nossas experiências são muito importantes para nossa maturidade. Podemos construir conceitos em nosso mundo privado e é este o nosso primeiro estágio na relação com a vida: construímos conceitos! Conhecimento e imaturidade tornam-nos muito frutíferos, gerando regras, fórmulas e… conceitos. Temos conceitos sobre como educar uma criança, sobre o que seja um bom cônjuge e sobre como ser um bom cônjuge; temos conceitos claros sobre como julgar o mal e separá-lo do bem… até que seguimos em frente na vida e vivemos experiências, encontros e conhecemos pessoas. Até nos machucarmos, nos frustrarmos, vermos pessoas machucadas e frustradas… E se andamos em temor a Deus, Ele participará de maneira maravilhosa de tudo isso. Uma coisa é olharmos o mapa e traçarmos a rota, mas a aventura acontece mesmo quando pegamos a estrada, enfrentamos o mal tempo e percebemos que há detalhes que mapa algum jamais nos daria. Por isso Deus pessoalmente veio a nós e se dispõe a viver conosco, a permitir-nos caminhão com Ele. Se orarmos, viveremos para sermos transformados. Nem tudo que pensamos está certo, nem tudo está errado. Tudo precisa da intervenção de Deus!