Como a vida é movimento, é um fluir contínuo, mutante, como estamos sempre a nos despedir, indo a lugares, vendo pessoas, fazendo coisas, sabemos que hoje este movimento é diferente e assumiu a proporção de um aprisionamento. Existindo uma crise, um vazio melancólico.
A força secreta da vida está represada e para muitos resumida em comer, dormir e não fazer nada. Então, esta expectativa da vacina para final de janeiro é a luz, e o jeito que esta luz inundara, o viver se diluirá em tudo, nas relações dos casais, nas casas solitárias, na energia das crianças e jovens, no grupo de senhoras nos cafés ou chás da tarde, será como uma suave borboleta perfumada com lavanda tocando todas as relações humanas.
O que está gravado hoje no abismo do inconsciente, que é a memória ainda fresca do drama da pandemia, devagar vai ser substituída pelo despertar de uma memória de surpresas agradáveis. Que as surpresas trazidas pela imunização sejam bem-vindas. Eu acredito buscar no presente a alma encantada do passado, mas que seja um reflexo do vivido antes da pandemia, mas sei que este reflexo mudou e nos deixou diferentes, de tudo sentiremos uma dolorosa lembrança, quando lembrarmos das imagens das ruas, onde vivia o silêncio do confinamento mergulhado na névoa de tantas mortes.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.