Existo

Existo

Confio na minha loucura, que tem me dado vida instintiva e criativa, enquanto que a chamada compreensão é tão limitada. Perdi amigos na pandemia. Não entendo a morte. Mas, não tenho medo de morrer. Vai ser um descanso: um nascer em fim. Não a apressarei, viverei até a última gota de fel. O dever é ir até o fim.

E, sem contar com ninguém. Viver a própria realidade. Descobrir a verdade. E, para sofrer menos, entorpecer com vinho. Pois não posso mais carregar as dores do mundo. O imprevisto me fascina. Está fazendo um dia lindo de outono. A praia cheia de um vento bom. Não posso ver o mar, mas sei onde ele começa, até onde se estende e quão longe ele vai: terra imensa! O mar tem um cheiro bom quando não há aqueles barcos a motor tão barulhentos, aqueles barcos cheios de gente nua; então ele me agrada. Já é noite! Também ouço o grilo.

Houve uma época em que eu me dizia que o mundo era lindo, eu era criança, então, era bobinho. Fechei as persianas, passei o trinco: é melhor o mundo ficar onde está, do lado de fora.

A noite é tonificante e límpida, e há um leve frio. Até mesmo para meus olhos alquebrados, a atmosfera esta estranhamente bonita. Inalo o ar estimulante e expiro grandes nuvens de vapor. A luta do dever e da imaginação é cruel nesta vida.

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