Passei em uma sinaleira no Itaigara neste momento de restrições e um ambulante suspirou e o suspiro foi se estendendo até o sinal abrir. Sua luta interior é como uma peça de três atos que se desenvolve diante dos meus olhos, falta educação, falta saúde, falta emprego, mas na pandemia tem o quarto ato, ninguém quer aproximar com medo do vírus, de ser contaminado, então falta comida..
Ah, bem sei, estamos vivendo tempos inquietos e não faz mal que soprem ventos inquietantes sobre estes que querem sobreviver, querem não ter fome, mas a mansa ordem da vida foi embora em dezembro de 2019, onde apesar das carências, tudo era mais suportável, vivemos um daqueles momentos em que a compressão da vida mudou, é urgente salvar vidas, é urgente trazer a paz de volta, mas e estes que estão com fome? Só o auxílio emergencial para dar um alento.
Todos estamos exaustos e impacientes com o momento. Mas nossos inimigos somos nós mesmos que nos privamos de um futuro ao não entender o drama atual. Somos hóspedes da nossa ignorância, e esta imprudência tem um preço. Porque não somos sensíveis? Transitando para o futuro vamos viver com algo típico da insensibilidade coletiva, ,cada vez menos leitos de UTI, cada vez mais mortes, cada vez mais sofrimento, e muita dor.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.