Aquele leite de vaca bem quentinho, aqueles biscoitos de maisena com manteiga, o olhar carinhoso dá minha avó e a sua voz a me perguntar se eu queria repetir… Era tão bom de ouvir. Lembro do jardim florido que minha mãe tinha nos fundos da casa, das árvores frutíferas que trepávamos para nos deliciarmos com suas frutas e dos banhos de chuva. Eu me lembro de todos os dias quando dava 18 horas a minha avó ouvia a Ave Maria e a gente tinha que ficar em silêncio para não atrapalhar, e se não fizéssemos éramos colocados de joelhos no chão até a reza acabar. O respeito era visível, eu me lembro que tanto o meu pai como a minha mãe chamava a nossa atenção só com o olhar e era o bastante para que ficássemos quietos. Lembro-me também dos abraços gostosos que a nossa mãe nos dava quando passávamos de ano na escola, era um abraço diferenciado e muito gostoso de sentir. Também me lembro das dores das perdas e que até hoje confesso não entender, só sei dizer que dói muito.
Lembro-me de alguém falar que no final do arco íris tinha um anão com um pote cheio de ouro, eu também ouvi dizer que leite com manga mata, mas vou confessar uma coisa, pode ser impressão minha, mas o mundo parecia ser bem melhor de viver do que agora. Momentos maravilhosos, eternas lembranças.
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