“Entristeçam-se, lamentem e chorem. Troquem o riso por lamento e a
alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.”
(Tiago 4.9-10)
Se as coisas não vão bem, se não estão como deveriam, precisamos sentir e reagir a isso. Não é o caso de olharmos para o outro lado ou fazermos de conta que tudo vai bem, para que tudo fique bem. O sinal de saúde em meio à doença está no sintoma, no mal estar. Doenças assintomáticas são muito perigosas. Da mesma forma, quando há um adoecimento em nosso ser, quando nos desencaminhamos existencialmente, e nada sentimos, isso não é bom! Diante disso, uma questão complexa é definir o que classificaríamos como “doença” no sentido existencial.
Pelo que devemos nos entristecer, lamentar e chorar? Na cartilha religiosa há muitos diagnósticos mal orientados. Precisamos da ação do próprio Deus, do Seu Espírito, sondando-nos e ajudando-nos a perceber o que realmente precisa ser percebido. No Evangelho de Jesus encontramos caminhos muito mais seguros que nas tradições religiosas, que tantas vezes afirmam-se inspiradas nele, mas são uma contradição a ele. E muitas vezes substituímos o Evangelho pela tradição. Jesus oferece a graça e a verdade como orientadoras para a vida (Jo 1.14). É por meio delas que o Espírito Santo age. Na graça e verdade de Cristo encontramos lugar e podemos mudar. Primeiro encontramos lugar, somos amados, somos perdoados e continuamos sendo amados e perdoados. É no abraço da graça que conseguimos lidar com a verdade que nos liberta.
A tristeza produzida por outros caminhos é insuportável. Não produz vida, apenas culpa. Uma culpa destruidora, que nos piora para a vida e nos torna amargos. Fortalecidos pela graça, nós mesmos nos encaminhamos para a tristeza. Trocamos a alegria ilegítima pela tristeza reconciliadora. Amados, nos encaminhamos para a submissão a Deus. Humilhamo-nos diante dele e nos sentimos gente como jamais poderíamos nos sentir em nossa rebeldia ou presunção. É uma tristeza que sempre acaba em alegria, enquanto a outra, ao contrário, é um alegria que sempre acaba em tristeza. É assim que podemos entender o convite de Tiago. Ele não é um convite para a autocomiseração, mas ao encontro transformador com a vontade de Deus.
ucs