Nos livros de Ciências do tempo em que você ainda estava no primário, provavelmente havia uma ilustração bem bonita do Sistema Solar. Nela, os planetas pareciam girar em torno do Sol seguindo órbitas bem elípticas. Aí vinha a professora, com a melhor das intenções, e ensinava: “Quando um hemisfério está mais perto do Sol, é verão; quando fica mais longe, é inverno.”
Pode passar uma borracha e apagar toda essa besteira do passado. Hoje, já sabemos que a órbita da Terra não é tão “ovalada”. Na verdade, ela descreve em volta do Sol um trajeto praticamente circular. O planeta permanece a uma média de 150 milhões de quilômetros do Sol ao longo de todo o ano, com variações muito pequenas. No hemisfério norte, a distância do Sol é até maior no verão que no inverno.
O que dá origem aos padrões climáticos que chamamos de estações é a inclinação do eixo da Terra em relação ao Sol – 23,5 graus. Graças a ela, os raios solares incidem de forma diferente ao longo do ano. No verão, o Sol está alto no céu. Os dias são mais longos e a incidência dos raios é quase perpendicular à superfície do planeta, deixando a energia mais concentrada. Já no inverno, quando o Sol está mais baixo no céu, eles incidem num ângulo mais agudo e se dispersam. Cada metro quadrado de Terra recebe menos calor. E por isso a temperatura cai.
Mancada geral
Em 1988, os cientistas americanos Matthew Schneps e Philip Sadler perguntaram a 23 professores e alunos de física da Universidade de Harvard: “por que é mais quente no verão que no inverno?”. Apenas dois acertaram. Todos os outros responderam que era por causa da variação na distância entre a Terra e o Sol. A iniciativa fez parte do projeto Private Universe (“Universo Privado”), que auxilia educadores a esclarecer mitos ligados à ciência.
Não importa a distância
É a inclinação do eixo da Terra, de 23,5 graus, que provoca as estações. Por causa dela, os raios do Sol incidem sobre diferentes regiões do planeta com maior ou menor intensidade.
Inverno boreal – Verão austral
Por causa da inclinação do eixo da Terra, os raios solares incidem quase perpendicularmente sobre o hemisfério sul entre os meses de dezembro e março, deixando a energia mais concentrada e proporcionando dias mais longos nessa metade do planeta. É o verão austral.
Verão boreal – Inverno austral
Entre os meses de junho e setembro, a inclinação do eixo da Terra provoca incidência mais intensa (perpendicular) de raios solares sobre o hemisfério norte e menos intensa sobre o hemisfério sul. É isso que explica o fato de ser verão na metade de cima do planeta e inverno na metade de baixo.
Por Reinaldo José Lopes – Revista Superinteressante