Todos nós somos um pouco, mas muitos esquizofrênicos passam a maior parte de suas vidas não na terra nem no céu, tampouco no inferno, mas em um mundo cinzento e assombrado de fantasmas e irrealidades.
O que é verdade para esses psicóticos é verdade, de certo modo, para certos neuróticos afligidos por uma forma mais leve de doença mental, como as pessoas que em pleno século 21 acreditam que a terra é plana, cada época inventa sua própria Idade Média.
O passado não é algo fixo e inalterável. Seus fatos são redescobertos por cada geração que se sucede, seus valores são reavaliados, seus sentidos redefinidos.
A relação com o mundo, que deveria intermediar as coisas, fica, desse modo, cada vez mais perdida. Valores como justiça, humanidade ou sustentabilidade são explorados de forma esquizofrênica.
A comunicação digital não produz relações, mas conexões. A percepção simbólica desaparece hoje cada vez mais em prol da percepção serial, incapaz da experiência da duração.
A percepção serial não permanece como tomada de conhecimento contínuo do novo. Ao contrário, apressa-se de uma informação à outra, de uma vivência à outra, de uma sensação a outra, sem terminar.