“O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre.” (João 8.35)
Em seu ensino sobre ser livre, Jesus deixa claro que é necessário que vivamos como Seus discípulos. Não aparentemente, mas verdadeiramente. Não segundo a programação de formação de discípulos e conceitos discipulares de nossa igreja ou denominação. Temos a tendência de acreditar que nossa igreja, nosso grupo, é a mais pura expressão do cristianismo. Talvez seja essa ideia que nos afaste da verdadeira experiência com o cristianismo de Jesus ou, pelo menos, da possibilidade de sermos melhores do que temos sido. Em seu ensino Jesus falou do escravo e do filho e apontou uma diferença entre eles. Lembremo-nos de que Ele está nos ensinando sobre liberdade.
No ensino de Jesus, filho está para liberdade assim como, obviamente, escravo está para escravidão. O que nos torna livres é nossa vida como filhos de Deus. Pois é na longevidade de nossa relação com Deus, como filhos, que a obra libertadora de Cristo se concretiza em nós. O escravo permanece escravo até que seja feito filho. E somente Jesus, o Filho de Deus, pode transformar escravos em filhos. E, ao fazê-lo, inaugura uma nova possiblidade de vida, um novo modo existencial, sob novas bases. Tudo como resultado de relacionarmo-nos com Deus como nosso Pai, cujo princípio orientador é o amor e não o poder.
Essa relação permanente é definidora e autenticadora da espiritualidade cristã e consequentemente da identidade do discípulo. Um cristão revela sua fé na lentidão do cotidiano, na simplicidade das coisas comuns. Somente Deus reconhece, sem erro algum, seus verdadeiros filhos e filhas. Quanto a nós, o mais confiável sinal que emitimos uns para os outros não são momentos, cultos, eventos ou experiências isoladas. Mas nossos hábitos, nosso caráter e o padrão de relacionamentos que estabelecemos em casa, no trabalho e em meio à sociedade. Ser filho é ser livre e ser livre é ser filho, pois não há lugar mais amplo para a vida humana que o abraço do Pai Celeste!
ucs