Um brasileiro que morreu em 1848, aos 94 anos, deixou 53 mulheres viúvas, mais de oitenta filhos e teria acumulado uma fortuna hoje equivalente a 120 milhões de dólares.
Deitado com o rosto afundado no travesseiro penso, isto deixa qualquer um “embasbacado”.
Porque o que este brasileiro fez foi tráfego de escravos. Sei que tudo começou com o imperialismo europeu, que, a pretexto de civilizar as regiões ditas atrasadas do mundo, não apenas escravizou e saqueou a ferro e fogo, praticamente até nossos dias, a maior parte do planeta, mas levou as mais sangrentas guerras, mundiais e locais, e, pior ainda, deixou como marca, ao que parece, o grande flagelo do racismo, além, de proporcionar aos europeus, sobretudo os ocidentais, a fabulosa riqueza que lhes permite hoje se classificarem de “primeiro mundo”, ou seja, sempre superiores.
Mas retornado ao brasileiro originário das famílias: Souza, Silva, Santana, Santos e Chagas, tem muita história, sendo que existem várias “Portas de Não Retorno” na África, onde foram embarcados a força por três séculos, mais de 12 milhões de africanos, em uma jornada sem volta para engenhos de açúcar, lavouras de café, minas de ouro e prata, cerca de 1,8 milhões morreram na travessia.
A vida é curta para nós, imagine para estes escravos, eles nunca contemplaram sonhos longe, mas apenas uma corrente nos pés e um chicote nas costas, e a seu lado a opressão. O mundo só queria sua força de trabalho, não seus sentimentos de ser humano.
O objetivo de todos que escravizaram era poder e dinheiro. Mas acredito que só o banimento da avidez, irá liberar muitos da escravidão. O homem precisa ser cruel para progredir e gerar riqueza.
A inação dos índios, gera tradição e vida, mas não riqueza, gera magia e encanto mas não conforto.
O homem dito civilizado esta sempre tão no controle, tentando conquistar a vida que deseja para si, que jamais se permite reduzir a velocidade a ponto de sentir qualquer coisa como na cultura indígena.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.