A vida tão alegre antes do confinamento, mudou de cor, o bonito viver se transformou em um tapete escuro. É assim que será preciso viver, talvez por três meses, talvez ainda felicidade e momentos de alegria, mas, com o peso da ameaça, a vida colocada entre parêntese.
No zap, muitas mensagens de texto sobre a Covid-19.
Notícias de dor pelas perdas provocadas e falta de dinheiro das classes pobres. A frustração chega com força neste período, abalando a delicada ordem desse arranjo complexo da vida em sociedade. Desmoronando certezas e trazendo dúvidas.
Essa deterioração das certezas veio à tona na forma de um medo autoprotetor. Antes, a aparência externa era um reflexo do encanto e do esplendor interior que tinha força com as certezas do cotidiano.
Agora, não passa de uma fachada em busca de um coração que deve encontrar seu caminho sem auxílio algum, um astro moribundo, faminto dentro de seu próprio vazio. A percepção faz a realidade, mesmo que essa percepção seja uma mentira.
Ninguém escapa de si mesmo.
Humanidade em estado cru, selvagem, a fugidia essência da nossa espécie. O colapso do tempo. Fundamental é que você era capaz apenas de viver as superfícies, agora tem que ir ao mais fundo,de não sentir medo desse mais fundo. Felicidade é não ter prazo.
João Misael Tavares Lantyer