Entre o amor e o julgamento

“Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus.” (Lucas 6.35)

Alguém afirmou que temos a tendência de fazer o contrário do que deveríamos: esquecemos o que deveríamos lembrar e lembramos o que deveríamos esquecer. No campo cristão, toleramos a quem deveríamos julgar e julgamos a quem deveríamos tolerar. Cada um de nós prestará contas de si mesmos a Deus (Rm 14.12), logo, deveríamos ser menos tolerantes com nossos pecados e com determinação buscarmos mudanças. Mas nem sempre fazemos isso! Temos ótimas explicações e alimentamos nossa tolerância. Já em relação ao nosso irmão, nenhuma explicação nos convence. Temos de Jesus um chamado para corrigir essa tendência, agindo como Ele agiu. Ele nos coloca diante do amor e do julgamento e nos desafia a seguir Seus passos. 

Não julguem, disse Ele. E também disse: amem. Alguns até aceitam que amar um inimigo seja um mandamento, mas em se tratando de um irmão que peca, acreditam que o mandamento é outro. Restringem o mandamento de amar e esquecem o mandamento de não julgar. Se Jesus pretendesse ensinar isso, teria colocado Judas para correr bem cedo, mas foi Ele mesmo quem o escolheu. Diante da recorrente dureza de coração dos discípulos, sempre discutindo sobre quem deles seria o maior, teria desfeito o colégio apostólico e convocado anjos. Mas Jesus preferiu trabalhar com pecadores, pois veio salva-los! Ele amou pecadores e amou até o fim (Jo 13.1). Somos pecadores! Ou aprendemos a nos amar e nos apoiar, para que todos encontremos cura, ou seguiremos julgando e sendo julgados, e multiplicaremos hipócritas.

Concordo: é muito estranho este caminho proposto por Jesus. Não parece fazer sentido! Parece mais sensato, e para alguns, mais “cristão”, estabelecer critérios e fazer julgamentos, colocando ordem na casa. Mas estamos errados. A verdade está com Jesus e Ele disse para amarmos ao ponto de colocarmos em risco bens e reputação pelo outro. Afinal, que tipo de pessoa fica amando inimigos e abraçando “pecadores”? O tipo de Jesus. Ele é controverso. Disse que ganha quem perde e vive quem morre. Disse “amem” e disse “não julguem”. Este é o caminho cristão, pois o Deus cristão é amoroso e trata bem os ingratos e maus. Devemos correr o risco imitando-o. Uma igreja cristã deve ser um lugar seguro para os maus. É assim que será um lugar seguro para mim, para você e para nossos filhos.

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