“No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim; e no jardim, um sepulcro novo, onde ninguém jamais fora colocado. Por ser o Dia da Preparação para os judeus e visto que o sepulcro ficava perto, colocaram Jesus ali.” (João 19.41-42)
Jesus foi julgado de forma injusta. Foi condenado sem que qualquer crime lhe pudesse ser imputado, fosse na perspectiva jurídica romana ou da religiosa judaica. Foi crucificado com requintes de crueldade e sepultado apressadamente. Antes que a sexta-feira acabasse, tudo havia terminado. Veio a noite e raiaram as primeiras luzes do sábado. O dia sagrado para os judeus. Ninguém poderia se distrair trabalhando. Era o dia de descanso. Haveria serviços no templo. Imagino que havia conversas temerosas por todos os lados, e um certo silêncio.
Os acontecimentos da sexta ditavam o clima do sábado. Onde estariam os discípulos? Uma semana antes Jesus havia sido recebido em Jerusalém com honras de um messias! E depois, as vozes que proclamavam “hosana”, gritaram “crucifica-o”. O que levou a uma mudança tão drástica? A um fim tão trágico? Agora, tudo havia terminado, pensavam alguns. Agora tudo havia terminado? Perguntavam-se outros.
Certamente a claridade do sábado não poderia iluminar as trevas no coração dos discípulos. As mesmas perguntas sem sentido voltando o tempo todo: o que aconteceu, aconteceu mesmo? Era verdade ou apenas um pesadelo? Sim, era verdade. Talvez tenha sido o mais lento de todos sábados. Um sábado de um vazio cheio de angústia e estarrecimento em que toda quietude era perturbadora. Mesmo a brisa da tarde era incomoda. Gerava lembranças que trazia de volta a dor, as perguntas, o fracasso.
Mas aquele sábado lá foi apenas um dia entre a tragédia e a vitória. Uma ponte difícil de cruzar, mas apenas uma ponte. Logo, tudo mudou. Nossos momentos entre tragédia e vitória podem parecer eternos, mas passarão. Eles são o interlúdio das mudanças. Especialmente as mudanças em nós, ainda que os fatos não mudem. Quando mudamos, tudo muda! Os sábados como aquele podem também acontecer sem que ninguém veja. Somente dentro de nós. Mas mesmo lá, Deus vê e sabe o que fazer. Não precisamos nos desesperar. Devemos esperar. Devemos esperançar.
Aquela semana estava acabando para os discípulos, mas não a história que estavam vivendo. Algo novo aconteceria e aconteceu. A última palavra não seria da cruz e nem do sepulcro. A última palavra jamais será da tragédia, porque o Soberano é um Deus de amor. Podemos confiar. Foi assim naqueles dia. Será assim nos nossos dias. Podemos confiar! Jesus não enfrentou a cruz para nos deixar sozinhos. Nada pode nos separa do amor de Deus!