Energia acumula alta de 15,43% e obriga baianos a economizar; novo reajuste vale hoje

Hoje começa a valer novo reajuste de 10,35% e consumidores se veem obrigados a economizar. Confira dicas de como baixar a conta

Começa a valer hoje o reajuste de 10,35% na conta de luz das residências baianas. Este é o segundo aumento do ano autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já que em 2 de março passou a vigorar um reajuste extraordinário de 4,6% para consumidores residenciais.

Um aumento acumulado de 15,42%. E, desde o início do ano, a conta só aumenta. Em fevereiro, os consumidores pagam a taxa extra da bandeira vermelha, atualmente em R$ 5,50 para cada 100Kwh (quilowatt-hora) consumidos.

Quando a bandeira foi cobrada pela primeira vez (em fevereiro referente a janeiro), seu valor era de R$ 3. Houve um reajuste em fevereiro (para ser cobrado em março) de 83,33%, quando a bandeira vermelha subiu para o valor de R$ 5,50.

Vilã da inflação deste primeiro trimestre, a conta de luz tem provocado um verdadeiro choque nos consumidores, que se veem obrigados a mudar de hábitos para economizar e evitar furos no já combalido orçamento familiar.

A mudança foi drástica na casa da esteticista Rose Mary Sousa, 55 anos. Ela cortou alguns confortos depois de se deparar com uma conta de R$ 500. “Agora a gente não faz mais como antes. O ar-condicionado não fica mais ligado o tempo todo e luz acesa é algo que incomoda”, diz.

Rose, que mora em uma casa com o marido e uma filha, conta que antes dos aumentos, quando ela acordava no meio da noite com sede, acendia todas as luzes para chegar no bebedouro. “Hoje, ligo a lanterna do meu celular e vou até lá. A gente precisa tomar consciência da realidade e poupar. Se cada um apagar uma lâmpada da casa, já muda muita coisa”, recomenda.

“Antes a gente não tinha essa preocupação. Mas, por conta das crises do país, a gente percebe que precisa economizar. Com a água, diminuímos a vazão para reduzir o consumo”, completa a esteticista.

Besteiras

Também assustada com a conta – 13% mais cara entre um mês e outro – , a estudante Tayná Araújo, 22, diz que ela e sua família resolveram cortar “besteiras” para economizar. “Na penúltima conta, pagamos R$ 160 e, agora, R$ 198. Estamos eliminando os gastos com ‘besteira’”, fala.

“Às vezes ia pra cozinha, por exemplo, e deixava a televisão ligada só para ouvir. Não deixo mais os eletrodomésticos ligados 24 horas e estou trocando o ventilador pela janela”, exemplifica, antes de concluir: “Se a gente reparar, R$ 20 não é tão alto assim, mas de R$ 20 em R$ 20 dá um preço alto, que vai pesar no orçamento”.

A receita da estudante de Odontologia Hiris Cardoso, 20, é ainda mais radical: viver no escuro. “Estou basicamente vivendo no escuro. Luzes aqui em meu apartamento só são ligadas quando são mesmo necessárias”, garante. “Todos os eletrodomésticos que podem ficar fora da tomada estão. Além disso, antes tinha o hábito de lavar roupa até três vezes por semana, agora só lavo uma vez ou menos”, acrescenta. Ela conta que a medida foi tomada ao perceber que a conta dobrou em um mês.

“No mês passado, a conta veio R$ 37 e esse mês veio R$ 78. Achei o valor tão assustador que fui pesquisar com amigos se na casa deles também estava tão alta, e a mais barata que achei foi R$ 67”, lembra. Para economizar, a pedagoga Celeste Oliveira, 55, deixou de instalar um chuveiro elétrico recém-adquirido. “Comprei um chuveiro novo, mas não vou instalar. Também tinha comprado uma luminária linda, que está servindo só para enfeitar. Estava pagando R$ 70 na conta de energia e, neste mês, quando recebi a nova conta, este valor foi para R$ 89”.

Além do banho frio e da casa escura, ela colocou lâmpadas de LED, que são mais econômicas. Ainda assim, só acende a luz do cômodo em que está. “Se a cada dois meses eu tiver um aumento de R$ 19, vai ser impossível viver. Qualquer mudança nos custos fixos interfere muito no orçamento da gente”, diz.

Presidente da Associação do Movimento das Donas de Casa e Consumidores da Bahia (MDCCB-BA), Selma Magnavita também tem sua receita para gastar menos energia: “Sempre tiro os aparelhos do ‘stand by’. Quando está quente não uso o chuveiro no modo ‘inverno’ e na hora de lavar roupas, controlo o uso da máquina de lavar”.

Mas não é só isso. “Na hora de passar roupa sempre começo pelas peças mais leves e, depois, as mais grossas”. Segundo Selma, os constantes aumentos de energia pesam muito no orçamento familiar. “Mesmo com justificativas de qualidade, não adianta aplicá-los sem consultar o consumidor”, pensa.

Inflação

E o pior para os consumidores é que o reajuste nas tarifas de energia vai ser repassado ao consumidor pelas empresas e pelo comércio, que para manter as portas abertas não pode assumir os custos dos reajustes.

O que vai pressionar ainda mais a inflação e, consequentemente, diminuir o poder de compra do trabalhador. Segundo o IBGE, o pagamento da conta de luz comprometeu 2,4% do orçamento familiar em março.

 

Fonte: Flávio Oliveira, com colaboração de Naiana Ribeiro / Correio

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