A violência das chuvas neste fim de ano no sul da Bahia encontra uma população exausta, que vivi questionando: “Quanto mais seremos capazes de aguentar?”
O barulho característico do rio Cachoeira esculpindo seu caminho pela paisagem e adentrando ao comércio da cidade. Fecho os olhos e tento pensar mas apenas ouço um vazio sinistro. O rio se transformará numa cicatriz para a cidade. O leito se estendendo nas duas direções, suas curvas serpenteantes percorrendo um caminho devastador .Pelas margens, só destruição.
Em terra firme, muitos chorando de dor pelas perdas . A pequena cidade de Itabuna é um anfiteatro do caos.: camadas de casas submersas sob as águas. As circunstâncias de uma tragédia como está vida aproximam ou separam as pessoas, interrompem ou fomentam relações até entre pessoas de personalidades muito diferentes, pois existe solidariedade mas também indiferença. Na TV vejo personagens sem cores, caminhando por uma cidade cinzenta.
Os sons da cidade parecem surdos e distantes: só penso nas pessoas que perderam tudo, as batidas fortes e constantes de seus corações, ai o mundo cruel os atingiu em cheio, com tantas perdas os momentos não contem promessas, muito menos a de que haverá um instante seguinte. As lágrimas borrando os instantes a vida inteira desvanecendo, evaporando e é
triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.