As prefeituras dos municípios de Prado,Mucuri, Itamaraju e Itabela, todos no extremo sul da Bahia, região berço do movimento no Estado, estão ocupadas por 1,5 mil militantes doMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) desde as 8h deontem,comoparte deuma mobilização que prevê a ocupação de mais de 50 prefeituras baianas até o final desta semana.
As invasões ocorreram de forma pacífica, à exceção de Mucuri onde, segundo informoua vereadora Justina Cruz (PMDB), o início da ação foi tumultuada, com tentativas de arrombamento de portas em alguns departamentos. O movimento está pedindo melhorias para aos assentamentos e acampamentos do MST nas áreas de saúde, educação, transporte, infraestrutura e esportes. Militantes reclamamque as reivindicações já vêm sendo feitas há mais de dois anos, e que nem 20% da demanda foi atendida.
Em nota oficial, os líderes do MST informaramque a intenção é manter a ocupação pelos próximos dias e prometeram para a próxima quartafeira uma entrevista coletiva, quando farão um balanço do movimento.
Das quatro prefeituras ocupadas durante a manhã, para onde os militantes do MST levaram roupas, barracas e colchões, apenas a de Itamaraju manteve as atividades, sendo que as demais optaram pela suspensão dos serviços. Há muitas crianças e jovens entre os ocupantes, que cantam e dançam, ao somde cantigas próprias. “Dá para trabalhar, mas o barulho incomoda muito, sobretudo para quem trabalha com números”, reclamou André Luiz Ribeiro Rodrigues, da Secretaria de Patrimônio de Itamaraju, onde os militantes fizeramuma roda de capoeira logo depois da invasão.
“Estamos nessa luta e não vamos desocupar enquanto não nos for dado um prazo e a garantia de que o que estamos pedindo será feito”, declarouodirigente estadualdo MST e diretor do movimento no extremo baiano, Evanildo Costa. O movimento informa que está aproveitando a época da jornada da educação, realizada nos municípios, para fazer as ocupações e chamar a atenção da sociedade para os problemas.
Prefeitura errada As pautas de reivindicações do movimento são específicas de cada localidade e algumasdelas foramentregues à prefeitura errada, como aconteceu em Itabela. O prefeito Osvaldo Gomes Caribé (PMDB) revelou o absurdo da situação ao observar que não pode construir as escolas e postos médicos em assentamentos que ficam no município vizinho de Porto Seguro.
“Não é com a gente”, declarou Caribé, irritado com a ocupação e reclamando da falta de verbas para atender às demandas,mesmo que fossem da sua alçada: “Tem de ser verba federal”.
Fonte: A Tarde