Elza Soares

Elza Soares

Eu admirei este coração que foi capaz de bater através dos 91 anos entre o calor vivo do sucesso e a luz gelada do sofrimento. Ela era engraçada, desenvolta, corajosa. Exprimia-se com cumplicidade em vez de se submeter a frases prontas, num tom convencional.

Na sua alma esteve a identidade – a identidade sentida entre o sucesso, a coragem, o sofrimento com ensinamentos para todos nós. Desfrutava então simplesmente do existir numa espécie de harmonia panteísta com a riqueza do mundo. Viveu acariciada pela brisa, embriagada de perfumes, essa festa no seu sangue deu a ela a eternidade.

Temos um regaço para chorar, mas um regaço enorme, sem forma. chorou, sofrimentos que nem sei quais são, ternuras de coisas inexistentes, e grandes dúvidas arrepiadas.

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