“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são bem conhecidos. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor.” (Salmos 139.1-4)
Deus se revelou porque não o conhecemos. Ele veio a nós porque não tínhamos ideia clara sobre quem Ele é e o que pensa. Não sabíamos o que Ele valoriza e o que Ele despreza. O que Ele ama e o que ele odeia. E tendo criado todas as coisas, colocou em tudo que criou a expressão de seu ser, mas nós ignorávamos isso completamente. Sendo o autor da vida, seu propósito, sentido e significado dependem dele. Fracassaríamos ao tentar orientar nossa própria história sem que o conhecêssemos. Por isso Ele se revelou, falando, agindo e do modo mais espetacular e desafiador à nossa fé: tornando-se um de nós. Jesus é a revelação suprema e insuperável de Deus.
O Deus que se revela nos conhece. Conhece-nos total e completamente. Conhece nossas intenções e não se engana sobre elas quando nossas atitudes são tentativas de oculta-las. É impossível nos ocultarmos de Deus. Ele não se ilude com promessas e não se deixa enganar por desculpas. Nós nos desconhecemos e ignoramos o que somos capazes de fazer. Somos iludidos por uma imaturidade que alimenta nossa presunção. É assim que falamos e agimos inconsequentemente, ignorantes de nossa própria limitação. Mas Deus sabe tudo. Pedro disse a Jesus: eu jamais abandonarei você! Mas Jesus sabia a verdade que Pedro ignorava. E avisou ao discípulo: “Saiba Pedro que antes que amanheça, você me negará três vezes!” Pedro não creu, mas negou.
Assim também somos nós. Não cremos! E porque não cremos, não nos convertemos, não nos voltamos para Cristo de forma decisiva. Como Pedro continuamos a afirmar o que não poderemos sustentar. O que Deus vê em nós é a única versão realmente verdadeira de nós mesmos. E Ele não usa isso contra nós, mas amorosamente nos convida à submissão. O grande problema não é quem somos, mas o fato de Deus não poder agir em nossas vidas por causa de nossa resistência e falta de fé – e uma coisa e outra são a mesma coisa. O salmista termina este salmo, como vimos ontem, rendendo-se. Ele deseja a vida a partir dos olhos de Deus e não mais dos seus. Ele confiou no Deus que o conhece. É disso que mais precisamos.