Retorno à pequena Ubatã na qual fora criado o orador e poeta animado pelo teatro e pelo memorialismo das trovas de agitador cultural, presidente do Grupo de Arte Canoatan, vice-presidente do DCE-FESPI. A Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que ele ajudou a estadualizar, tornando-a pública, gratuita e de qualidade; comprometida com a filosofia, as ciências e as artes; “sonho, ousadia, planejamento e serviço” discursados em Por um caminho juncado de flores.
Ao assim o fazer encontro a literariedade da eficácia intercompreensiva do jurista Taurino Araújo através de suas literais viagens para dominar a enciclopédia jurídica, viver a vida de sua cidadela e, ao mesmo tempo, poeticamente “fabricar” possibilidades teatrais e artísticas na potência de um falar e escrever que nunca se restringiram à técnica, mas à arte do desafio público dos calorosos arrazoados e sustentações orais que antecedem a sua teoria universal.
Plurilinguagem, pensamento, sentimento, ação e resultados, fragmentos que incluem o domínio do português rural, urbano, padrão e, sobretudo, arrojado, exigente, criativo e erudito, empregados por quem ainda menino foi emancipado para ser o mais jovem Secretário Municipal de Administração do Brasil (1989) e o emprego da sua Quádrupla de Taurino para melhor emprego do dinheiro público: “o dinheiro não é meu; o dinheiro não é seu; o dinheiro parece nosso, mas não é”, ideia precursora da Responsabilidade Fiscal.
Antes, os voos para a superação das dificuldades sintonizadas com o centro do mundo e as possibilidades autorrealizadoras que ele descreve em Se você quer subir, não aperte descer: a intuição motivacional do verdadeiro Maslow no case Taurino Araújo.
Para onde elevar, então, esse nosso conterrâneo, o célebre autor de Hermenêutica da Desigualdade, pensador e fazedor, que é considerado uma das personalidades mais marcantes do nosso tempo, condecorado com a maior honraria do Estado?
Quanto à dimensão internacional do efeito produzido pela obra e o significado que lhe atribuem os diversos públicos em pelo menos 19 áreas do conhecimento, em especial o International Standard Name Indentifier (ISO de escritores), “após a contribuição da Estética da Recepção e do Pós-Estruturalismo, o literário [em Taurino Araújo] passa a ser aquilo que o leitor [assim o] considera”, ensina Denise Vallerius.
Seja a narrativa reconhecida pela forma como a epistemologia, a juridicidade e a historiografia “são processadas” (Caio Gagliardi) através do próprio “texto, seus ‘receptores’ e dos ‘receptores’ [tão diversificados] entre si” (Hans Robert Jauss). E concluiremos, com os irmãos Goncourt: “[em Taurino Araújo, tanto] o romance é a história que poderia ter acontecido” quanto a sua “História é um romance que aconteceu”.
Por Yuri Ubaldino Rocha Soares. Professor de Direito Civil e Processo Civil, palestrante, advogado, mestre e doutorando, assessor jurídico na Procuradoria da Assembleia Legislativa da Bahia [email protected]